sábado, 31 de maio de 2008

OS INSULTOS DE MENCKEN

“À postura aristocrática e direitista não corresponde necessariamente uma inteligência curta das coisas.” Darcy Ribeiro


Você já foi insultado por alguém desconhecido, por alguém fora de seu círculo de amizade? Ou já foi insultado por um amigo, parente, cunhado, vizinho? Insultado com palavras pífias ou num tom intelectual, por alguém de fina ironia e de erudição plena?

Muitos intelectuais, escritores provocadores, deixaram seus rastros na história justamente por essa veia iconoclasta, como Nietzsche, Luciano de Samos e H. L. Mencken. Este último escreveu um livro divertidíssimo, traduzido para o português como O livro dos insultos, por Ruy Castro. Nele, o autor destrata tudo e todos.

É o tipo de livro que só pode ser levado a sério com muito conhecimento, quase que com a mesma erudição de Mencken, para saber separar as gracinhas das coisas sérias (se é que elas existem). Como não tenho tal profundidade, só rio.

Veja algumas do velho Mencken (188-1956), não sem antes lembrar que ele foi um grande jornalista americano, polêmico e muito influenciado pela filosofia nietzschiana.

“Talvez o homem seja uma doença localizada no cosmos – uma espécie de eczema ou uretrite pestífera. Existem, é claro, diferentes graus de eczemas, assim como há diferentes graus de homens. Sem dúvida, um cosmos afligido por uma infecção de Beethovens jamais precisaria de um médico. Mas um cosmos infestado por socialistas, escoceses ou corretores da Bolsa deve sofrer como o diabo”.

“Se a verdade é sempre mal recebida, o erro é recebido de braços abertos. Qualquer homem que invente uma nova imbecilidade recebe salvas de palmas e torna-se o dono da verdade”.

“Não há registro na história humana de um filósofo feliz: só existem nos contos da carochinha. Na vida real, muitos cometeram suicídio; outros mandaram seus filhos porta afora e surraram suas mulheres”.

“Um relincho vale por 10 mil silogismos”.

“Acima de todos os quadrúpedes, o homem é o mais frívolo e idiota”.

“... o escritor, como qualquer outro suposto artista, é alguém em quem a vaidade normal dos outros homens é tão vastamente exagerada que ele não consegue retraí-la”.

Em O livro dos insultos, Mencken manda bala para todos os lados, e fala também sobre mulheres, religião, pintura, música. É divertido. Mas, claro, é preciso ter certo senso de humor.

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