O livro Fragmentos de uma Deusa: a Representação de Afrodite na Lírica de Safo, da professora da USP Giuliana Ragusa, é um dos mais interessantes publicados em língua portuguesa sobre a poeta de Lesbos e sua obra, quando se trata de documento de pesquisa apurada.
O único problema é seu estilo enfadonho. É difícil de ler. Há muita citação. Muito cuidado com provas arqueológicas do saber, muitos dedos, que não fazem bem ao usufruto da leitura comum. Mesmo assim, o leitor paciente consegue tirar proveito do livro.
Trata-se de um intrincado estudo sobre a poesia de Safo, que veio até nós apenas em fragmentos. Ao iluminar a presença de Afrodite nesses pedaços poéticos, a autora demonstra a importância de Safo para a história do gênero lírico.
Giuliana foi às fontes diretas, ou seja, aos papiros em que havia os registros poéticos da própria Safo, além de traçar as relações históricas e geográficas entre a Grécia Antiga e o Oriente, localizando a poeta e a deusa.
“É grande e riquíssima a carga significativa que Safo imprime à sua Afrodite ao associá-la a Chipre. Quando a poeta chama Afrodite de Kūpris ou Kuprogēnēa, independentemente do contexto dos fragmentos, ela se insere e também a sua personagem divina no diálogo com uma tradição cara à poesia lésbio-eólica (dialeto de Safo)”, diz a pesquisadora.
Giuliana quer provar que Safo não foi apenas uma sentimentalista que tratava de assuntos homossexuais. Esta imagem sempre esteve ligada a ela, daí ‘lesbianismo’ e ‘safismo’ serem sinônimos de homossexualismo feminino.
A representação de Afrodite na poesia de Safo, segundo Giuliana, significa uma profunda identidade com o ambiente e o contexto da cultura grega bem como com a complexidade da imagem da deusa do amor, cujo mito oriental fora adotado pelos gregos.
São várias as maneiras como Afrodite é representada na poesia de Safo. Os diversos epítetos comprovam a riqueza de imagens da deusa nos fragmentos poéticos estudados.
Além de nomes e epítetos, como filha de Zeus, tecelã de ardis, deusa “de flóreo manto furta-cor”, imortal, venturosa, multifortunada e veneranda, Ragusa explora outros aspectos da representação de Afrodite.
Entre esses aspectos estão a geografia mítico-religiosa e poética, os cenários em que a deusa se insere, a voz das canções, como em Hino à Afrodite – o único poema que permaneceu quase intacto –, e também o apelo à deusa, que aparece em alguns fragmentos.
A autora conclui o livro com um apelo interessante. Segundo ela, em seu trabalho foram apresentados apenas fragmentos porque não havia mais do que isso, cujo resultado parece pouco e frágil.
O único problema é seu estilo enfadonho. É difícil de ler. Há muita citação. Muito cuidado com provas arqueológicas do saber, muitos dedos, que não fazem bem ao usufruto da leitura comum. Mesmo assim, o leitor paciente consegue tirar proveito do livro.
Trata-se de um intrincado estudo sobre a poesia de Safo, que veio até nós apenas em fragmentos. Ao iluminar a presença de Afrodite nesses pedaços poéticos, a autora demonstra a importância de Safo para a história do gênero lírico.
Giuliana foi às fontes diretas, ou seja, aos papiros em que havia os registros poéticos da própria Safo, além de traçar as relações históricas e geográficas entre a Grécia Antiga e o Oriente, localizando a poeta e a deusa.
“É grande e riquíssima a carga significativa que Safo imprime à sua Afrodite ao associá-la a Chipre. Quando a poeta chama Afrodite de Kūpris ou Kuprogēnēa, independentemente do contexto dos fragmentos, ela se insere e também a sua personagem divina no diálogo com uma tradição cara à poesia lésbio-eólica (dialeto de Safo)”, diz a pesquisadora.
Giuliana quer provar que Safo não foi apenas uma sentimentalista que tratava de assuntos homossexuais. Esta imagem sempre esteve ligada a ela, daí ‘lesbianismo’ e ‘safismo’ serem sinônimos de homossexualismo feminino.
A representação de Afrodite na poesia de Safo, segundo Giuliana, significa uma profunda identidade com o ambiente e o contexto da cultura grega bem como com a complexidade da imagem da deusa do amor, cujo mito oriental fora adotado pelos gregos.
São várias as maneiras como Afrodite é representada na poesia de Safo. Os diversos epítetos comprovam a riqueza de imagens da deusa nos fragmentos poéticos estudados.
Além de nomes e epítetos, como filha de Zeus, tecelã de ardis, deusa “de flóreo manto furta-cor”, imortal, venturosa, multifortunada e veneranda, Ragusa explora outros aspectos da representação de Afrodite.
Entre esses aspectos estão a geografia mítico-religiosa e poética, os cenários em que a deusa se insere, a voz das canções, como em Hino à Afrodite – o único poema que permaneceu quase intacto –, e também o apelo à deusa, que aparece em alguns fragmentos.
A autora conclui o livro com um apelo interessante. Segundo ela, em seu trabalho foram apresentados apenas fragmentos porque não havia mais do que isso, cujo resultado parece pouco e frágil.
Porém: “nada mais enganoso: a força da lírica da poeta e de sua personagem-divina está viva nos fragmentos; quem deles se aproximar não o fará em vão.”
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Um comentário:
A Giuliana é uma grande pesquisadora e ótima professora, coisa rara de se encontrar.
É importante a exposição em blog e sites indicando esse ótimo livro para os estudiosos e até mesmo os curiosos.
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