terça-feira, 29 de setembro de 2009

A NOVA GERAÇÃO DA LITERATURA BRASILEIRA


Quem reclama da falta de novidade na malha das letras brasileiras não sabe olhar para seu próprio pomar ou não aprecia o solo nacional. Sob nossos olhos desenvolvem-se vários estilos de uma geração riquíssima, na coisa dita e no modo de dizê-la.

É verdade que na maioria das vezes a experiência não está na forma, mas em algumas sutilezas temáticas. E em outras tantas, os frutos nascem muito iguais. Mas em quaisquer das empreitadas, tudo é intenção.

No caso da sutil renovação de conteúdo, há o exemplo de Carol Bensimon, que, em um ou dois contos de Pó de parede, desenvolve fulcros tendo como pano de fundo a reflexão sobre o meio ambiente. Ou Daniel Pellizzari, que flerta com o humor à Marcelino Freire.

Em outros casos, o exercício da forma é cabal, como em Whisner Fraga (Abismo poente) e Wesley Peres (Casa entre vértebras). Mas, de uma maneira ou de outra, apreciemos ou não, isso já oferece boas perspectivas à nossa literatura.

Venho lendo, sempre que posso, os novos autores para não perder o rumo da prosa brasileira, mas também para exercitar o olhar renovado. E por isso, este blog, seguindo a proposta de realizar um exercício de leitura, vai continuar publicando textos sobre a nova geração. Por enquanto, pelo menos mais sistematicamente, só da prosa.

Um dia, o discurso vai fluir com mais rigor de análise, com observação mais acurada. Por enquanto, o que prevalece é a vontade de dizer, de ler, de aprender, mais do que criticar. Muito embora seja salutar e necessário, de vez em quando, escrever sobre os desgostos estéticos, o contraponto do ideal de escritura aos olhos de quem lê.

Mesmo assim, dá para levantar algumas questões nessa viagem de barco de médio porte em mares pouco revoltos. É bom indagar, por exemplo, para onde olham os novos autores? O que eles valorizam? Qual e onde está a ênfase daquilo que escrevem (de que modo escrevem)? É o básico do que todos perguntam sempre.

Critérios

É claro que alguém com 60 anos de idade, se publica seu primeiro livro, é novo como autor. Mas não é este o critério adotado para designar, aqui, o que é nova geração. O recorte basal para o conceito de novos autores da literatura brasileira neste blog é simplesmente (com todas as contradições, vantagens e desvantagens) o fator idade.

Quem nasceu a partir de 1970 é da nova geração. Os nascidos em 1969 para trás é da geração intermediária ou da velha guarda. Isso significa que escritores como Luiz Ruffato (1961), Marcelino Freire (1967), Nelson de Oliveira (1966), Bernardo Carvalho (1960), Ana Miranda (1951), Carlos Herculano Lopes (1956), Adriana Lunardi (1964), Miguel Sanches Neto (1965), Beatriz Bracher (1961), Heloísa Seixas (1952) e Maria Esther Maciel (1963), entre outros nascidos ao longo das décadas de 1950 e 1960, são intermediários.

Do mesmo modo, nomes como Ariano Suassuna (1927), João Ubaldo Ribeiro (1941), Carlos Heitor Cony (1926), Luiz Vilela (1942), Autran Dourado (1926), entre outros, é da velha guarda, mesmo que muitos ainda estejam na ativa, porque não é a idade que determina a produtividade, e sim, se o autor ainda tem algo a dizer ou não.

Espero que aqui esteja nascendo um divisor de águas do blog, que continuará falando sobre literatura de modo geral, mas olhando para a nova geração como quem procura o que há de novo e o que permanece da tradição.

Adriana Lisboa (carioca) (1970 - )

Anna Paula Maia (carioca) (1977 - )

André de Leones (Goianiense) (1980 - )

André Laurentino (pernambucano, de Olinda) (1972 - )

Antonia Pellegrino (carioca) (1979 - )

Antônio Dutra (carioca) (1974 - )

Antonio Prata (paulistano) (1977 - )

Bruno Zeni (curitibano) (1975 - )

Carol Bensimon (Gaúcha, de Porto Alegre) (1982 - )

Carola Saavedra (chilena, de Santiago, e carioca) (1973 - )

Cecília Giannetti (carioca) (1976 - )

Chico Mattoso (franco-paulistano) (1978 - )

Daniel Galera (paulistano) (1979 - )

Daniel Pellizzari (amazonense, radicado em Porto Alegre - RS) (1974 - )

Eduardo Baszczyn (paulistano) (1976 - )

Edward Pimenta (paulista) (1974 - )

Estevão Azevedo (potiguar, de Natal) (1978 - )

Fernanda Young (fluminense, de Niteroi) (1970 - )

João Paulo Cuenca (carioca) (1978 - )

Letícia Wierzchowski (gaúcha, de Porto Alegre) (1972 - )

Marcelo Ferroni (paulistano) (1974 - )

Michel Laub (gaúcho, de Porto Alegre) (1973 - )

Moacyr Moreira (paulistano) (1972 - )

Paulo Polzonoff Jr. (curitibano) (1977 - )

Ricardo Lísias (paulistano) (1975 - )

Ronaldo Bressane (paulistano) (1970 - )

Simone Campos (carioca) (1983 - )

Tatiana Salem Levy (portuguesa, de Lisboa, naturalizada brasileira) (1979 - )

Tércia Montenegro (cearense) (1976 - )

Tiago Novaes (paulista, de Avaré) (1979 - )

Verônica Stigger (gaúcha, de Porto Alegre) (1973 - )

Wesley Peres (goianiense) (1975 - )

Whisner Fraga (mineiro, de Ituiutaba) (1971 - )

5 comentários:

Wladimir Cazé disse...

Interessante a sua proposta. Pretendo realizar um plano de leituras similar ao teu, e produzir pequenos comentários a livros de autores contemporâneos. Acompanharei teus posts.

Gilberto G. Pereira disse...

Obrigado, Wladimir! Também vou seguir seu blog, Poesia Hoje, para me antenar nas novidades.
Grande abraço!

Wladimir Cazé disse...

O Poesia Hoje é um blog coletivo, do qual participo com notícias sobre poesia.

Meu blog pessoal é o http://silvahorrida.blogspot.com/, e nele venho eventualmente publicando pequenos comentários à produção literária contemporânea (Lima Tridade, Sérgio Alcides, Marcus Vinicius Rodrigues, Lupeu Lacerda, etc.) Em breve comentarei livros de uma leva de baianos.

Abraço.

Gilberto G. Pereira disse...

Beleza, Wladimir. Já acrescentei a minha lista também. Vou ficar ligado.
Abç!
Gilberto

Wellington de Melo disse...

Excelente panorama,Gilberto. Favoritadíssimo seu post.
Abraço.

Para saber o que anda sendo feito por Pernambuco, aconselho:

www.interpoetica.com

Meu site é www.wellingtondemelo.com.br

Abraço.