Como negar a tristeza, se ela me abraça, me caça, me embala no abalo do blues, no ritmo désolé da arma cravada na alma!
É de imaginar a intensidade da dor doida que saía das cordas dos negros tristes a cantar. As vozes na noite. As lágrimas tácitas, o sorriso em riste, a cara posta a tapas na canção e a dor doída do blues.
Notas de choro, dor de abandono, assomo de tristeza e beleza na canção jogada ao vento até se encontrar nas paradas de rádio e televisão, até se encontrar nos lábios, na voz, na mente, de cor, no coração de todos, brancos e negros, o blues.
Até se transmutar para o interesse classudo da elite pensante. Até se esquecer dos açoites, dos murros e dentes quebrados, das lembranças transoceânicas, dos uivos acoitados na escuridão da existência, permeada pelo feixe de luz que saía do sorriso do negro longe de casa.
O que é belo vem de dentro. Blues do azul do céu sem fronteiras. Blues da tristeza em mim.
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