quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

O significado da palavra “excrescência”

A frase "a existência é uma excrescência" não é sinônimo de "a vida é uma bosta". Excrescência nunca significou estrume ou excremento, só na cabeça dos ignorantes, e em se tratando do uso da língua, somos muitos, somos um exército invencível.

Excrescência quer dizer saliência, algo que se sobressai, proeminência, um monte (mas não de merda) que se eleva acima da superfície. Uma casa de cupim, aquelas casas que aparecem nos pastos de fazenda aos milhares e que o fazendeiro sobrevoa com compradores desavisados dizendo a estes que o que veem são cabeças de boi. Um chifre é uma excrescência. Uma montanha, um tumor. O homem, segundo a ideia de que veio do barro, é uma excrescência.

No poema abaixo de Augusto dos Anjos, você, homem receberá elogios e insultos, mas em altíssimo nível. Portanto, não chores, ó desgarrado do universo! Alivie-se em saber que é uma excrescência de terra, mas singular. Agora, na hora da morte, não isso, não, na hora do "montão de estercorária", eu violaria o túmulo do poeta e lhe queimaria os cabelos.

"Homem, carne sem luz, criatura cega,
Realidade geográfica infeliz,
O Universo calado te renega
E a tua própria boca te maldiz!

O nôumeno e o fenômeno, o alfa e o omega
Amarguram-te. Hebdômadas hostis
Passam... Teu coração se desagrega,
Sangram-te os olhos, e, entretanto, ris!

Fruto injustificável dentre os frutos,
Montão de estercorária argila preta,
Excrescência de terra singular.

Deixa a tua alegria aos seres brutos,
Porque, na superfície do planeta,
Tu só tens um direito: — o de chorar!"


sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Minha Vida: Oliver Sacks descobrindo um câncer terminal



Segue abaixo a tradução do belo texto de Oliver Sacks (foto) publicado ontem no New York Times. Autor de livros que contam histórias deliciosas, dramáticas e tragicômicas dos outros, Sacks agora fala dele mesmo sobre coragem, sensibilidade, vida e morte, ao descobrir um câncer terminal.

"Um mês atrás, eu me sentia com ótima saúde, uma saúde de ferro, eu diria. Aos 81 anos, ainda posso nadar 1,5 quilômetro diariamente. Mas minha sorte virou. Há algumas semanas, descobri que tenho metástases espalhadas pelo fígado. Nove anos atrás, fui diagnosticado com um tipo raro de tumor no olho, um melanoma ocular. Embora as rádio-terapias e as operações a laser para remover o tumor no fim das contas tenham cegado meu olho, apenas em casos muito raros tumores desse tipo criam metástases. Fiquei entre os 2% de azarados.

Sinto-me agradecido por nesses nove anos desde o primeiro diagnóstico ter tido boa saúde e levado uma vida produtiva. Mas agora estou cara a cara com a morte. O câncer ocupa um terço de meu fígado, e embora o avanço  tenha desacelerado, este tipo particular de tumor não pode ser interrompido.

Depende de mim agora escolher como quero viver os últimos meses que me restam. Escolhi viver do modo mais rico, profundo e produtivo que eu puder. Para esta tarefa, encorajo-me nas palavras de um de meus filósofos favoritos, David Hume, que, ao saber que tinha uma doença terminal aos 65 anos, escreveu uma curta autobiografia em um único dia de abril de 1776, e a intitulou "Minha Vida".

'Faço agora uma rápida análise', escreveu Hume. 'Sofri muito pouca dor da minha doença, e, o que é mais estranho, não obstante o grande declínio físico, não sofri um momento sequer em meu espirito. Sinto o mesmo ardor pelos estudos e o mesmo contentamento junto a uma companhia.' 

Tive muita sorte em viver mais de 80 anos, e os 15 que vivi a mais que Hume foram igualmente rico de trabalho e amor. Nesse período publiquei cinco livros e completei uma autobiografia (mais longa que a de poucas páginas de Hume) que será publicada ainda nesta primavera (outono, no Brasil). Além disso, tenho vários outros livros quase finalizados.

'Sou um homem moderado' dizia Hume em sua autobiografia, 'um homem com autocontrole, com senso de humor, sociável e divertido, capaz de vínculos, pouco suscetível a inimizades e de grande moderação nas paixões.'

Aqui me afasto de Hume. Enquanto curti relações amorosas e amizades e não tive inimigos, não posso dizer (nem ninguém que me conhece diz) que sou um homem de disposições suaves. Pelo contrário, sou um homem de disposições veementes, com entusiasmos violentos e extrema imoderação em todas as minhas paixões. Ainda assim, uma linha do ensaio de Hume retumba em mim como especialmente verdadeiro: "É difícil estar mais ligado à vida do que estou agora."

Nesses últimos dias, pude ver minha vida de uma grande altura, de uma espécie de paisagem, e com um profundo senso se conexão com todas as partes. Não significa que minha vida acabou. Pelo contrário, sinto-me intensamente vivo. Quero, e espero, nesse tempo que me resta, aprofundar minhas amizades, dizer adeus aos que amo, escrever mais, viajar (se tiver forças), atingir novos níveis de entendimento e de luz interior (insight).

Isso envolverá audácia, clareza e conversa franca, tentando acertar minhas contas com o mundo. Mas haverá tempo também para um pouco de diversão (e até mesmo para um pouco de bobagens). Sinto uma ligeira clareza de foco e de perspectiva. Não há mais tempo para nada que não seja essencial. Devo focar em mim mesmo, em meu trabalho e em meus amigos. Não verei mais o NewsHour toda noite. Não vou mais prestar atenção em nenhum político ou em argumentos sobre aquecimento global.

Não se trata de indiferença, mas de desapego - ainda me importo profundamente com o Oriente Médio, com o aquecimento global, com a crescente desigualdade, mas isso não é mais da minha conta. Esses assuntos pertencem ao futuro. Regozijo quando conheço jovens - mesmo o que fez minha biópsia e diagnosticou minha metástase. Sinto que o futuro está em boas mãos.
Nos últimos dez anos, tenho cada vez mais tomado nota de mortes de meus contemporâneos. Minha geração está cedendo passagem, e cada morte sinto como uma interrupção, um pedaço se rasgando de mim mesmo. Não haverá ninguém mais como nós quando formos todos, mas o fato é que não há ninguém igual a ninguém, jamais. Quando as pessoas morrem, não podem ser substituídas. Deixam buracos que não podem ser preenchidos, pois é o destino - o destino genético e neural - de todo ser humano ser indivíduo único, para descobrir seu próprio caminho, para viver sua própria vida, para morrer sua própria morte.

Não posso fingir que não estou com medo. Mas meu sentimento predominante é o de gratidão. Amei e fui amado. Recebi muito dos outros e também doei parte de mim. Li, viajei, pensei e escrevi. Tive uma relação com o mundo, aquela relação especial que se dá entre escritores e leitores. Acima de tudo, fui um ser sensível, um animal pensante, neste planeta maravilhoso, e isso em si mesmo foi um privilégio e uma aventura enormes."

Oliver Sacks (9 de julho de 1933) é professor de Neurologia da Escola de Medicina da New York University e escritor, autor de vários livros, entre eles O Homem Que Confundiu Sua Mulher Com Um Chapéu


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domingo, 15 de fevereiro de 2015

Kabengele Munanga: prefácio do livro Racismo e Sociedade, de Carlos Moore

OBS: O texto abaixo é de Kabengele Munanga, extraído do livro de Carlos Moore, Racismo e Sociedade: novas bases epistemológicas para entender o racismo. Boa leitura!

“O carrasco mata sempre duas vezes, a segunda pelo silêncio”. Esta frase da autoria de Elie Wiesel, prêmio Nobel da Paz, poderia bem ilustrar e caracterizar as mentiras, inverdades, coisas não ditas e silenciadas em torno da raça e do racismo na sociedade brasileira.

Alguns estudiosos conceituados se aproveitam da falta de informação e do pouco esclarecimento da população e do lugar privilegiado que ocupam na academia e na imprensa para produzir discursos perversos a respeito do racismo. Esses discursos reciclam e exploram ideias e teorias superadas como as da “mistura de sangue” de Gilberto Freyre, que estão na base da criação da ideologia da democracia racial brasileira, e as descobertas da genética humana do meio do século passado sobre a inexistência biológica ou científica da raça. O objetivo é persuadir a sociedade brasileira de que a política de ação afirmativa em benefício dos negros e indígenas vai trazer de volta a raça, como se esta já tivesse desaparecido, e vai colocar fim ao equilíbrio e à paz social garantidos pela mistura racial. Consequentemente, dizem, teremos o fenômeno de racialização do Brasil que nunca existiu e a eclosão de conflitos raciais.

Alguns vão até negar a existência de racistas na sociedade brasileira, rejeitando os resultados da pesquisa científica realizada desde os anos 1950 e 1960 por pesquisadores renomados como Florestan Fernandes, Octávio Ianni, Fernando Henrique Cardoso, Oracy Nogueira, João Baptista Borges Pereira, Thales de Azevedo, etc., que, seguindo os passos da Frente Negra Brasileira, ratificaram a existência de práticas racistas na origem das desigualdades entre Brancos e Negros.

Alguns estudiosos insistem em dizer que a ação afirmativa vai racializar o Brasil, dividindo-o entre negros e brancos; vai reduzir nossas diversidades numa sociedade bipolar, ou seja, vai fazer desaparecer índios, ciganos, judeus, árabes, mestiços, etc., em nome de brancos e não brancos. Que criatividade fantástica de nossos acadêmicos e esclarecidos jornalistas! Como uma sociedade capitalista não pode ser dividida em pobres, médios e ricos? Como uma sociedade racista que discrimina com base no fenótipo (concentração de melanina e traços morfológicos) não pode ser dividida em brancos e não brancos, em brancos e negros?

Imputar à ação afirmativa as divisões inerentes à história e à estrutura da sociedade é negar a própria história e a estrutura da sociedade e substituí-las pela mágica da imaginação criativa de nossos cientistas e jornalistas. É interessante como eles conseguem, pelo jogo das palavras e dos exemplos propositadamente escolhidos, agradar a inteligência e inverter a lógica, transformando a busca dos caminhos e das soluções em fatores causadores dos problemas.

As políticas de ação afirmativa e das cotas surgem com uma intenção deliberada para corrigir as desigualdades resultantes da racialização já existente na origem do racismo. Elas não vêm para dividir, pelo contrário, vêm para aproximar e unir pela redução das desigualdades. Elas não criam a raça, não a reforçam e nem a fazem reviver, pois a raça já está bem antes na mente, na cultura, no tecido social da sociedade como produto de uma longa história da humanidade apesar das diferentes reformulações, teorizações e usos ideológicos recentes.

A obra Racismo & Sociedade: novas bases epistemológicas para entender o racismo, de Carlos Moore, ao contrário de algumas obras manipuladoras da opinião do cidadão brasileiro que circulam recentemente, nasce com a intenção de revelar e ensinar coisas nunca ditas entre “nós” sobre as origens mais profundas do racismo na história da Humanidade, visando a esclarecer nossas opiniões e consciências deturpadas por uma literatura e um discurso produzidos a partir da torre de marfim da academia e da imprensa, vista como símbolo da competência e da verdade. Vem se contrapor aos discursos daqueles que desqualificam a demanda do movimento social negro e que, como bons paternalistas, querem ditar, como faziam os colonialistas, o que é bom e ruim para “seus negros”, objetos de pesquisa e não sujeitos.

Como sugere o próprio título da obra, a partir de fartas fontes bibliográficas atualizadas lidas, relidas e criticamente reinterpretadas à luz de diversas teses e teorias, Carlos Moore recoloca a problemática da gênese histórica do racismo e questiona a relação que se tenta estabelecer hoje entre o racismo e a Modernidade ocidental por causa da noção de raça, que teria dado a sustentação científica às raízes do racismo. Ele defende a tese de que o racismo não se estrutura em torno do conceito biológico de raça, nem a partir da escravização dos africanos, mas sim a partir de um dado universal inegável, o fenótipo; e têm uma profundidade histórica maior que os 500 anos e mais da hegemonia ocidental sobre o resto do mundo.

Embora aceite a tese de Benjamim Isaac que situa as raízes do racismo moderno na Antiguidade grego-romana (The invention of Racism in Classical Antiquity), Carlos Moore recua ainda às origens do racismo a partir da tese de Gervásio Fournier-González e Cheikh Anta Diop, emitindo a hipótese de que “teria ocorrido em épocas longínquas, graves conflitos entre povos melanodérmicos (negros) e leucodérmicos (brancos) nas regiões onde eles conviveram”. Postula ele que teriam sido esses conflitos, hoje apagados da memória ativa da Humanidade e que brotaram sempre em torno de acirradas e sangrentas disputas pela posse dos recursos básicos de sustentação, os incubadores de vários “proto-racismos” surgidos independentemente em diversas partes do mundo antigo (Mesopotâmia, Irã elamita, Índia dravidiana, Oriente Médio semita, Mediterrâneo greco-romano...).

Em apoio a essa tese, ele recorre aos mitos mais antigos das sociedades não africanas onde a repulsa e o medo que causa a cor negra são inequívocos, tais como “luto, tenebroso, maléfico, perigoso, diabólico, pecado, sujo, bestial, primitivo, inculto, canibal, má sorte, etc.”. Assim, segundo Moore, surgiram, na maior parte do mundo e de modos totalmente autônomos entre si, estruturas sociais que ele descreve – usando neologismos altamente descritivos – como sendo “fenotipocêntricas”. Todavia, essas somente teriam existido como realidades responsivas a um imaginário social preexistente, eminentemente “fenotipofóbico” de origem mitológica.

Tanto o racismo anglo-saxônico, surgido a partir da Modernidade ocidental e tendo como fundamento a pureza racial, quanto o racismo dos países da dita América Latina, baseado no fenótipo ou aparência física, são simplesmente variantes históricas e reformulações de um mesmo racismo cuja consciência histórica é mais antiga do que nos é apresentada, pois prolonga suas raízes nas estruturas pré-capitalistas e pré-industriais.

Em apoio a sua tese principal de que “o racismo teria se construído historicamente, e não ideologicamente”, ou seja, o racismo seria uma dinâmica determinada pela história e não pela ideologia, tese que poderia provocar certas polêmicas, Carlos Moore analisa e discute várias teses às vezes diametralmente opostas, às vezes complementares. Ele chega à conclusão de que a escravidão dos africanos tanto pelos árabes quanto pelos europeus é racial; de maneira que o racismo está presente na eclosão da própria Modernidade capitalista.

A discussão sobre a escravatura na África tradicional e a sistematização das noções de racismo, temas apresentados de modo distorcido na historiografia colonial e neocolonial, e segundo interpretações infelizmente ainda persistentes entre nós, ganham neste livro novos contornos enriquecidos por uma bibliografia pouco conhecida entre os brasileiros.

Publicado num momento crucial da questão da situação do negro no Brasil, quando pela primeira vez se discute no âmbito do governo e da sociedade as políticas de superação das desigualdades entre brancos e não brancos, brancos e negros, engendradas pelo racismo à brasileira, creio que este livro traz uma contribuição impar na elucidação das controvérsias e confusões deliberadamente difundidas na sociedade brasileira por certa tendência intelectual e jornalística ideologicamente posicionada contra as mudanças da agenda do movimento social negro.

Kabengele Munanga
Professor do Departamento de Antropologia / FFLCH-USP


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terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

De onde saem as narrativas fantásticas

Minha infância no Mato Grosso foi marcada por uma Natureza exuberante. No nosso sítio, havia pés de mangas gigantes, seis deles enfileirados já estavam lá quando chegamos, e meus olhos de criança os via como árvores imensas, que demorei alguns anos para conseguir vencê-los, trepando em cada um deles.

Em 1980, quando chegamos lá, minha mãe, minha irmã e eu, só nós três (os outros ficaram para trás, porque já estudavam em Anápolis, e meu pai ainda resolvia contas finais na Ilha do Bananal, ponto pregresso de nossa diáspora) inauguramos um imaginário particular que mais tarde me ajudaria a configurar Macondo em minha solidão de leituras.

Quando chegamos lá, nossa vizinha, contou uma história cujo caráter surreal e fantástico eu mais velho viria a entender, uma história segundo a qual, um dia ela, a vizinha, passou pelo sítio que seria nosso e sentou-se debaixo de um dos pés de manga para descansar com o filho de colo. A vizinha então, cansada da caminhada que fazia, cochilou, e acordou ao som de vozes que cantavam uma canção triste. E ela, a vizinha, cantou a canção para nós.

Eu absorvia aquilo como uma verdade vindo de dentro dela, mas não conseguia acreditar, e via minha mãe ouvindo-a e fazendo caras e bocas de espanto e admiração, mas percebia de igual modo que minha mãe também não acreditava naquela ladainha, mas ouvia, ouvíamos, absortos na narrativa da vizinha.

Segundo ela, a vizinha, as vozes vinham de baixo, pelas sombras do pé de manga, e se aproximaram dela, ela que tinha a criança no colo que ainda dormia. As vozes passaram pela vizinha, que as acompanhou com o ouvido, sem ver nada, no silêncio total ao redor, um lindo coro de vozes de homens, mulheres e crianças cantando uma triste canção. As vozes seguiram rumo ao tronco do pé de manga. Depois subiram pelos galhos até a copa da árvore, e do alto seguiram cantando cada vez mais inaudíveis até o último fio sonoro além das folhas, no silente azul.

Se eu voltasse lá agora, depois de tantos prédios altos em minha retina, enfileirados em ruas compridas, uma desencadeando na outra, como no corredor de ônibus que pega a Avenida 9 de Julho, depois a Avenida Santo Amaro em São Paulo, nos levando rumo à Zona Sul, sem fim, eu me decepcionaria com os pés de mangas que certamente são menores que os que existem em minha memória afetiva.

Mas o que importa - o que me faz lembrar dessa história - é o modo como isso perdura no espiral de minha própria existência. Tudo é memória. E tudo se alimenta de novos novelos de narrativas que se construíram depois, cujos alinhavos, arraigados em mim, nem eu mesmo, esse homem feito agora, seria capaz de desfazer.

Ainda naquela época de criança, subi um dia no mesmo pé de manga até onde pude, e de lá de cima vi o horizonte afastado do campo que se formava, vi as árvores mais baixas e os capins do pasto se agitando com o vento, e me lembrei das vozes. Senti que eu subia como elas, e tive medo. Tive medo de uma epifania, hoje eu sei. E então desci, e naquele pé de manga não mais subi tão alto.

Hoje, lembrando-me dessa história, sei que as árvores de minha infância se misturam às vozes daquela narrativa, minha primeira experiência estética nascida de um conto fantástico que vinha do fundo do coração de uma mulher que desejava falar. García Márquez jamais esteve sozinho na América Latina. Eis uma das razões pelas quais amo a literatura de Márquez. Amo-a porque ela também sou eu.

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