segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

ESCREVER É TAMBÉM SE VINGAR: A favorita

Flora (Patrícia Pillar): uma vilã shakespeareana a serviço de João E. Carneiro

Uma vez o escritor Marcelino Freire disse que escreve para se vingar. Muitos outros já disseram isso, mas Freire é de quem me lembro agora. Vingar-se de quê, ou de quem, não sei. Mas acho que o mesmo pretexto serve para o autor da novela A Favorita, da Rede Globo. João Emanuel Carneiro não se cansa de cometer pequenas vinganças. Quase todas elas feitas por intermédio da vilã Flora (Patrícia Pillar).

Já xingou a classe média, já esculachou a cultura da música sertaneja, com uma dupla pra lá de suspeita, em termos de bom gosto, Faísca e Espoleta, além de insultar, com uma frequência cada vez mais assídua, os telespectadores, com a voz duvidosa das personagens Flora e Donatela, cantando ‘Beijinho doce’ e ‘Tristeza do jeca’.

Não são as músicas que desapontam. O problema é que elas, as canções, estão fora de seu habitat natural, ou seja, vozes apropriadas e arranjos dignos.

Estou quase certo de que tudo isso não passa de uma risada, às escondidas, do autor. Digo isso porque, no mais, a novela vai bem. O texto é primoroso, principalmente os solilóquios, os monólogos e os bate-bocas. A trama escorrega, mas não cai. A tensão permanece. Enfim.

Um comentário:

Anônimo disse...

Quem o viu, quem o lê, quem tevê!!!
Sucumbindo ao Mal global, mon ami blogueiro? Flora vinga-se até do último lastro de lucidez, vulgo Giba Sam, rindo em minha all face e ex culachando o que acreditava ser incorruptível em sua alma leitora...que coisa de loki!

flaviana estupefata