sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

LITERATURA INDIANA: o perfil de Rabindranath Tagore

Tagore: um dos indianos mais publicados no Brasil

A Índia tem dois Prêmios Nobel de Literatura. Um está vivo e não vive na Índia, sequer nasceu lá, V.S. Naipaul, Nobel de 2001. O outro, o primeiro deles, foi Rabindranath Tagore, laureado em 1913, e é sem dúvida um indiano mais autêntico do que Naipaul, sem desmerecimento para nenhum dos dois.

Tagore não escrevia em inglês, mas em sua língua natal, o bengali. Mesmo assim, ele também fazia uma ponte entre os dois mundos, oriental e ocidental. Nasceu em 1861 e morreu em 1941. Era membro de uma família rica e tradicional, cujo pai era um líder religioso Brâmane Samai.

Foi educado em casa, com tutores altamente conceituados. Aos 17 anos, foi estudar na Inglaterra, mas não concluiu os estudos e voltou para administrar os negócios da família. Nessa época, entrou em contato com as questões terrenas da humanidade, os problemas do homem comum, que na Índia significa miséria, miséria, miséria, principalmente num tempo que nem Gandhi havia surgido.

Aliás, foi justamente nesse período de amadurecimento de Tagore que Gandhi apareceu no cenário político-religioso da Índia. Contemporâneos, os dois homens se assemelhavam nas ideias nacionalistas e de resistência, logo se tornando grandes amigos. Foi Tagore, inclusive, quem batizou Gandhi com o prenome de Mahatma (que quer dizer ‘grande alma’).

Em 1915, Tagore foi ordenado Cavaleiro (Knight), se tornando Sir Rabindranath Tagore, pelo governo britânico, mas em poucos anos recusou a honraria, em protesto às ações políticas do Império Britânico na Índia.

Na página do Prêmio Nobel, dedicada a Tagore, a apresentação da Academia Sueca de Letras diz o seguinte:

“Tagore teve sucesso imediato escrevendo em sua língua nativa. Com as traduções de alguns de seus poemas, ele, rapidamente, se tornou conhecido no Ocidente.

De fato, sua fama atingiu uma alta luminosidade, levando-o para todos os continentes, onde fazia conferências e conquistava amizades. Para o mundo ocidental, ele se tornou a voz da herança espiritual indiana; e para a Índia, especialmente para os bengaleses, passou a ser uma grande instituição viva.”


Seu livro mais famoso é Gitanjali, com o qual ganhou o Nobel de Literatura, mas, segundo o crítico britânico Martin Seymour-Smith (1928 – 1998), não é o livro mais bem acabado de Tagore.

“O romance Gora [sem tradução no Brasil] é sua melhor realização literária, em que ele consegue resolver sutil e dinamicamente o conflito, que existe em todo indiano nobre e bem educado, entre a ocidentalização e os valores indianos”, diz Seymour-Smith, em seu livro The new guide to the modern world literature.

Tagore era acima de tudo poeta, mas escreveu em todos os gêneros literários. No Brasil, sua obra está ligada ao sentido religioso, muito embora, alguns dos livros denominados de religião, no fundo, são de caráter poético, são poesias, cujos volumes passam de 50. É um dos indianos mais publicados no Brasil, junto com Salman Rushdie e V.S. Naipaul.

Serviço

Alguns livros de Tagore podem ser comprados na Livraria Cultura, clique no título.

Título: Uma canção para meu filho
Autor: Rabindranath Tagore
Editora: Vergara & Riba, 2004
Gênero: Auto-ajuda
Preço: R$ 14,90

Título: Gitanjali
Autor: Rabindranath Tagore
Editora: Martin Claret, 2007, 124 páginas
Gênero: Poesia religiosa
Preço: R$ 10,50

Título: Meditações
Autor: Rabindranath Tagore
Editora: Ideias & Letras, 2007, 158 páginas
Gênero: Religião
Preço: R$ 21,00

Título: Poesia mística
Autor: Rabindranath Tagore
Editora: Paulus, 2003, 480 páginas
Gênero: Religião
Preço: R$ 26,00

4 comentários:

Leila Silva disse...

Que interessante, fiquei com vontade de ler o autor.
abraço

Gilberto G. Pereira disse...

Oi, Leila! Para você que mora em Curitiba e deve frequentar a BPP, há vários livros de Tagore lá, inclusive Gitanjali, que é bacana.
Um abraço!

Anônimo disse...

Olá Giba. Também moro em Curitiba, e queria saber o que é BPP. Por acaso é a Bibliotece Pública do Paraná na Rua Candido Lopes?
Maparecida

Gilberto G. Pereira disse...

Oi, Maparecida! Obrigado pela visita! Isso mesmo. BPP é Biblioteca Pública do Paraná, que fica naquele prédio da rua Cândido Lopes, em frente ao Bourbon, se é que ainda existe aquele hotel. Saí de Curitiba em 2005.
Grande abraço!
Gilberto