Renúncia
Chora de manso e no íntimo ... Procura
Curtir sem queixa o mal que te crucia:
O mundo é sem piedade e até riria
Da tua inconsolável amargura.
Só a dor enobrece e é grande e é pura.
Aprende a amá-la que a amarás um dia.
Então ela será tua alegria,
E será, ela só, tua ventura ...
A vida é vã como a sombra que passa ...
Sofre sereno e dalma sobranceira,
Sem um grito sequer, tua desgraça.
Encerra em ti tua tristeza inteira.
E pede humildemente a Deus que a faça
Tua doce e constante companheira ...
(Manuel Bandeira)
Memento mori I
Nenhum sinal da solidão se vê
lá onde o Amor corrói a carne a fundo.
Dentro da pele, no entanto, você
é só você contra o mundo.
Esta felicidade que abastece
seu organismo, feito um combustível,
é volátil. Tudo que sobe desce.
Tudo que dói é possível
(Paulo Henriques Britto)
O casaco
Um homem estava anoitecido.
Se sentia por dentro um trapo social.
Igual se, por fora, usasse um casaco rasgado
e sujo.
Tentou sair da angústia
Isto ser:
Ele queria jogar o casaco rasgado e sujo no
lixo.
Ele queria amanhecer.
Chora de manso e no íntimo ... Procura
Curtir sem queixa o mal que te crucia:
O mundo é sem piedade e até riria
Da tua inconsolável amargura.
Só a dor enobrece e é grande e é pura.
Aprende a amá-la que a amarás um dia.
Então ela será tua alegria,
E será, ela só, tua ventura ...
A vida é vã como a sombra que passa ...
Sofre sereno e dalma sobranceira,
Sem um grito sequer, tua desgraça.
Encerra em ti tua tristeza inteira.
E pede humildemente a Deus que a faça
Tua doce e constante companheira ...
(Manuel Bandeira)
Memento mori I
Nenhum sinal da solidão se vê
lá onde o Amor corrói a carne a fundo.
Dentro da pele, no entanto, você
é só você contra o mundo.
Esta felicidade que abastece
seu organismo, feito um combustível,
é volátil. Tudo que sobe desce.
Tudo que dói é possível
(Paulo Henriques Britto)
O casaco
Um homem estava anoitecido.
Se sentia por dentro um trapo social.
Igual se, por fora, usasse um casaco rasgado
e sujo.
Tentou sair da angústia
Isto ser:
Ele queria jogar o casaco rasgado e sujo no
lixo.
Ele queria amanhecer.
(Manoel de Barros)
6 comentários:
Olá Giberto,que poemas lindos!Parabéns pela postagem e pelo bom gosto.Um abraço do James.
Obrigado, James!
Um abraço!
eu quero amanhecer
Faça como as manhãs de Manoel de Barros, que desabrocham a pássaros. Você pode amanhecer a palavras, renovando-se em verso ou em prosa.
Olá!!!
Não conhecia Paulo Henriques Britto, gostei bastante!!!
Oi, Luciana!
Paulo Henriques Britto é um dos melhores poetas brasileiros vivos. O poema postado é do livro Trovar Claro. Mas acho que você já o leu atravessadamente, isto é, por meio de traduções. Ele é o tradutor de gente como Philip Roth e John Updike.
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