Mishra: literatura é plural
Talvez a principal diferença dos escritores indianos, em relação a outros grupos, esteja em sua formação plural. São poucos os que estudaram literatura ou humanidades desde o começo. Pankaj Mishra, por exemplo, graduou-se em Comércio Exterior e só depois migrou para as letras, fazendo mestrado em Literatura Inglesa. Mesmo assim, é mais autodidata do que qualquer outra coisa, segundo ele mesmo.
Nascido em 1969, na pequena cidade de Jhansi, norte da Índia, Mishra mora atualmente em Londres, mas já viveu nas montanhas do Himalaia também, onde permaneceu por cinco anos, de 1992 a 1997, quando lia em média um livro por dia. “Aprendi a ler um livro de 350 páginas num espaço de cinco a seis horas”, diz em uma entrevista. Nessa época começou a escrever para várias revistas e jornais da Índia e da Europa.
No Brasil só tem um livro publicado, Tentações do Ocidente: a modernidade na Índia, no Paquistão e mais além (2007), que pode ser um bom começo para quem quer entender o modo asiático de vida nos tempos de hoje, em meio a tradições e renovação cultural. Seus ensaios publicados em The New York Review of Books, The Guardian, entre outros veículos, são mais conhecidos.
Entre os livros de Mishra, há o romance The Romantics (2000, traduzido em Portugal como Os românticos) e os ensaios An End to Suffering: The Buddha in the World (2004) e Butter Chicken in Ludhiana (1995). Este último fala sobre as cidades pequenas da Índia. Um dos temas mais abordados por ele são a globalização e os efeitos dos costumes dos grandes centros nas pequenas localidades. Isso porque ele entende muito bem o que é ser provinciano e o que é ser cosmopolita.
Em seus ensaios políticos e literários, Mishra também discorre sobre o choque de civilizações, em que defende a pluralidade, combatendo qualquer maniqueísmo. Em entrevista à revista Believer, por exemplo, Mishra critica duramente um artigo do escritor britânico, muito conhecido no Brasil, Martin Amis, sobre o Islamismo.
Leia um trecho:
“Martin Amis escreveu um artigo de 12 mil palavras no Observer para dizer basicamente – estou parafraseando – que Londres é uma sociedade multicultural, na qual o Islamismo é a única coisa que não se encaixa.
Sua maior experiência com o Islamismo nesse artigo é Christopher Hitchens comprando uma camiseta do Osama [Bin laden] em Peshawar [cidade paquistanesa] e ele e sua mulher sendo impedido de entrar numa mesquita, em Jerusalém, após o horário de funcionamento.
No artigo, Amis mantém toda uma fantasia paranóica sobre o homem na mesquita em Jerusalém e como o tal homem poderia ter matado a ele e sua mulher. Achei realmente perturbador de ver um romancista escrevendo essa diatribe sobre o Islã e os extremistas islâmicos, manchando a diferença que há entre e uma coisa e outra.”
Para ver a entrevista no original e completa, clique aqui.
Serviço
O livro de Mishra pode ser comprado na Livraria Cultura, clique no título.
Título: Tentações do Ocidente: a modernidade na Índia, no Paquistão e mais além
Autor: Pankaj Mishra
Editora: Globo, 2007, 438 páginas
Nascido em 1969, na pequena cidade de Jhansi, norte da Índia, Mishra mora atualmente em Londres, mas já viveu nas montanhas do Himalaia também, onde permaneceu por cinco anos, de 1992 a 1997, quando lia em média um livro por dia. “Aprendi a ler um livro de 350 páginas num espaço de cinco a seis horas”, diz em uma entrevista. Nessa época começou a escrever para várias revistas e jornais da Índia e da Europa.
No Brasil só tem um livro publicado, Tentações do Ocidente: a modernidade na Índia, no Paquistão e mais além (2007), que pode ser um bom começo para quem quer entender o modo asiático de vida nos tempos de hoje, em meio a tradições e renovação cultural. Seus ensaios publicados em The New York Review of Books, The Guardian, entre outros veículos, são mais conhecidos.
Entre os livros de Mishra, há o romance The Romantics (2000, traduzido em Portugal como Os românticos) e os ensaios An End to Suffering: The Buddha in the World (2004) e Butter Chicken in Ludhiana (1995). Este último fala sobre as cidades pequenas da Índia. Um dos temas mais abordados por ele são a globalização e os efeitos dos costumes dos grandes centros nas pequenas localidades. Isso porque ele entende muito bem o que é ser provinciano e o que é ser cosmopolita.
Em seus ensaios políticos e literários, Mishra também discorre sobre o choque de civilizações, em que defende a pluralidade, combatendo qualquer maniqueísmo. Em entrevista à revista Believer, por exemplo, Mishra critica duramente um artigo do escritor britânico, muito conhecido no Brasil, Martin Amis, sobre o Islamismo.
Leia um trecho:
“Martin Amis escreveu um artigo de 12 mil palavras no Observer para dizer basicamente – estou parafraseando – que Londres é uma sociedade multicultural, na qual o Islamismo é a única coisa que não se encaixa.
Sua maior experiência com o Islamismo nesse artigo é Christopher Hitchens comprando uma camiseta do Osama [Bin laden] em Peshawar [cidade paquistanesa] e ele e sua mulher sendo impedido de entrar numa mesquita, em Jerusalém, após o horário de funcionamento.
No artigo, Amis mantém toda uma fantasia paranóica sobre o homem na mesquita em Jerusalém e como o tal homem poderia ter matado a ele e sua mulher. Achei realmente perturbador de ver um romancista escrevendo essa diatribe sobre o Islã e os extremistas islâmicos, manchando a diferença que há entre e uma coisa e outra.”
Para ver a entrevista no original e completa, clique aqui.
Serviço
O livro de Mishra pode ser comprado na Livraria Cultura, clique no título.
Título: Tentações do Ocidente: a modernidade na Índia, no Paquistão e mais além
Autor: Pankaj Mishra
Editora: Globo, 2007, 438 páginas
Gênero: História Geral
Preço: R$ 39,00
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