O crítico Harold Bloom lê em aula conferência
Ou seja, ler o outro é importante, não porque aprendemos com ele o caminho da verdade e da vida. Pode até ser. Mas ler o outro significa, principalmente, a descoberta de algo novo em nós mesmos, alguma coisa da qual muitas vezes estávamos perto demais para descobri-la.
Harold Bloom, em Como e porque ler, nos diz que lemos para descobrir cérebros mais geniais do que o nosso, mas que a literatura não modifica nossa maneira de ser. Contrapondo a esta declaração, em No bosque do espelho, o escritor argentino Alberto Manguel diz: “Acredito que, às vezes, além das intenções do autor e das esperanças do leitor, um livro pode nos tornar melhores e mais sábios.”
Talvez Bloom tenha razão, no sentido de que toda consciência é crítica. Se existe uma consciência, existe a capacidade de contestar, muitas vezes adormecida, é verdade. De modo que a leitura não nos dá outra consciência, só desperta aquilo que já existe em nós.
Por outro lado, Manguel também tem razão, porque, se dormíamos e a leitura nos despertou, se continuaríamos a dormir sem o sussurro poético da palavra, modificamos, sim, e neste caso, podemos nos tornar melhores, mesmo havendo a possibilidade contrária.
Outra coisa que não podemos nos esquecer é de que todo grande autor é também um leitor atento. Por isso, o que eles dizem fora de sua literatura também deve nos interessar.
É nesse sentido que, além de Em busca do tempo perdido e outros livros, Proust nos deixou um pequeno legado em tradução para o português, Sobre a leitura (Editora Pontes, 64 páginas), em que ele lembra uma coisa interessante: “Nossa sabedoria começa onde a do autor termina, e gostaríamos que ele nos desse respostas, quando tudo que ele pode fazer é dar-nos desejos.”
Proust, reverberado por Bloom, já tinha ido além ao afirmar: “O poder de nossa sensibilidade e de nossa inteligência, não podemos desenvolvê-lo senão em nós mesmos, nas profundezas de nossa vida espiritual.”
Talvez Bloom tenha razão, no sentido de que toda consciência é crítica. Se existe uma consciência, existe a capacidade de contestar, muitas vezes adormecida, é verdade. De modo que a leitura não nos dá outra consciência, só desperta aquilo que já existe em nós.
Por outro lado, Manguel também tem razão, porque, se dormíamos e a leitura nos despertou, se continuaríamos a dormir sem o sussurro poético da palavra, modificamos, sim, e neste caso, podemos nos tornar melhores, mesmo havendo a possibilidade contrária.
Outra coisa que não podemos nos esquecer é de que todo grande autor é também um leitor atento. Por isso, o que eles dizem fora de sua literatura também deve nos interessar.
É nesse sentido que, além de Em busca do tempo perdido e outros livros, Proust nos deixou um pequeno legado em tradução para o português, Sobre a leitura (Editora Pontes, 64 páginas), em que ele lembra uma coisa interessante: “Nossa sabedoria começa onde a do autor termina, e gostaríamos que ele nos desse respostas, quando tudo que ele pode fazer é dar-nos desejos.”
Proust, reverberado por Bloom, já tinha ido além ao afirmar: “O poder de nossa sensibilidade e de nossa inteligência, não podemos desenvolvê-lo senão em nós mesmos, nas profundezas de nossa vida espiritual.”
Ou seja, ler o outro é importante, não porque aprendemos com ele o caminho da verdade e da vida. Pode até ser. Mas ler o outro significa, principalmente, a descoberta de algo novo em nós mesmos, alguma coisa da qual muitas vezes estávamos perto demais para descobri-la.
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