No livro inacabado e autobiográfico O primeiro homem, o narrador de Albert Camus se vê diante de um problema filosófico intrigante. O personagem nascido em 1913, não conhece o pai, porque este morrera em 1914, aos 30 anos de idade, recém-chegado ao fronte da recém-começada Primeira Guerra Mundial.
Quando Jacques Cormery, aos 40 anos, vai visitar a mãe, decide fazer uma visita também ao pai morto, sepultado num túmulo não muito longe da casa materna. Nosso personagem então começa a imaginar o absurdo da cena, ele ali, olhando para um pai que nunca conhecera, um pai que, a rigor, era mais jovem do que ele, pois havia vivido apenas 30 anos.
Agora, essa possibilidade da literatura filosófica camusiana, cujo esforço para imaginar o absurdo da cena era apenas intelectual, pode se tornar real, pelo viés surreal da ciência. É que os cientistas acabaram de conseguir criar um espermatozóide a partir de células-tronco.
A notícia está no site Globo.com, segundo o qual, pesquisadores da Universidade de Newcastle e do Instituto de Células-Tronco do Nordeste da Inglaterra são os autores da façanha. O texto é de Reinaldo José Lopes, que faz a seguinte constatação: “Não fosse pelas barreiras éticas e tecnológicas que ainda existem, a equipe de pesquisadores poderia ter criado um embrião que nem chegou a nascer e mesmo assim foi pai.”
Quando Jacques Cormery, aos 40 anos, vai visitar a mãe, decide fazer uma visita também ao pai morto, sepultado num túmulo não muito longe da casa materna. Nosso personagem então começa a imaginar o absurdo da cena, ele ali, olhando para um pai que nunca conhecera, um pai que, a rigor, era mais jovem do que ele, pois havia vivido apenas 30 anos.
Agora, essa possibilidade da literatura filosófica camusiana, cujo esforço para imaginar o absurdo da cena era apenas intelectual, pode se tornar real, pelo viés surreal da ciência. É que os cientistas acabaram de conseguir criar um espermatozóide a partir de células-tronco.
A notícia está no site Globo.com, segundo o qual, pesquisadores da Universidade de Newcastle e do Instituto de Células-Tronco do Nordeste da Inglaterra são os autores da façanha. O texto é de Reinaldo José Lopes, que faz a seguinte constatação: “Não fosse pelas barreiras éticas e tecnológicas que ainda existem, a equipe de pesquisadores poderia ter criado um embrião que nem chegou a nascer e mesmo assim foi pai.”
A cena de Camus ficaria para trás em matéria de reflexão. Haveria um filho de 40 anos, abismado, olhando para um pai que não chegou a nascer, para um monte de células num laboratório. Nem Huxley, com Admirável Mundo Novo, nem Bradbury seriam mais eficazes. A vida é um cisco na poeira cósmica, dizem, e o resto é literatura. Não seria o contrário?
2 comentários:
Oi, Giba!
Voltamos de Paraty no domingo, coloquei algumas coisas no blog. Tomara que no próximo ano vc possa ir com a gente pra lá, vale muito a pena.
Beijos
Luciana, muito boa a cobertura que você fez. Um texto belíssimo, cheio de emoção. Infelizmente não consigo deixar mensagem no seu blog, falta-me uma habilidade específica que não sei qual é. Mas, parabéns pela diversão, pela viagem. Sua filhinha está uma menina linda. Você e o Kléber devem estar muito orgulhosos da prole.
Grande abraço!
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