quinta-feira, 28 de maio de 2009

UM POEMA DE YEATS

The old men admiring themselves in the water

“I heard the old men say,
‘Everything alters,
And one by one we drop away.’
They had hands like claws, and their knees
Were twisted like the old thorn trees
By the waters.
I heard the old, old men say,
‘All that’s beautiful drifts away
Like the waters.’”


O irlandês William Butler Yeats (1865 - 1939), ganhador do Nobel de Literatura de 1923, é mais difícil do que T. S. Eliot, mas vale o esforço. A alteração das coisas pela passagem do tempo, a vaidade flagrada no espiar dos anos, à medida que o próprio sujeito poético envelhece, são temas contidos nesse pequeno poema.

Tudo que é belo se esvai, escorre como a água. Às vezes nos afastamos tanto do ciclo natural das coisas, que esquecemos que também fazemos parte desse ciclo, desse devir inexorável.

O poema de Yeats nos joga de volta ao rio da certeza, nos põe face a face com a noção do efêmero. Tudo altera, e, um a um, decaímos como gotas de chuva que descem das nuvens para completar seu ciclo.

O sujeito poético ouve os velhos conversarem enquanto se olham no espelho da água, mas ele também sofre a passagem do tempo, sutilmente, e vemos isso pelo eco da palavra old no antepenúltimo verso.

Não há beleza que resista ao tempo, é verdade. Um dia, ela fenece, perde o valor que lhe era atribuído. Tudo altera, inclusive nossa percepção.

2 comentários:

Leila Silva disse...

Maravilhoso!

Vou publicá-lo lá no meu blog numa dessas sextas-feiras, ok?


Abraços

Gilberto G. Pereira disse...

Em nome de Yeats, eu agradeço, Leila (rs). Claro que pode, é um prazer colaborar naquela seção que já é um clássico dos blogs, para quem gosta de poesia.
Grande abraço!