a sociedade indiana
Aravind Adiga é um jovem escritor indiano. Com seu romance de estréia, O tigre branco, publicado no Brasil pela Nova Fronteira, foi o ganhador do Booker Prize 2008, repetindo a façanha de sua compatriota Arundhati Roy, que venceu o mesmo prêmio em 1997 com seu primeiro livro, O Deus das pequenas coisas.
Apressado, Adiga já lançou o segundo romance, Between the Assassinations, que saiu na Índia agora no final do ano. Filho de família rica, nasceu em Madras, em 1974. Morou em Sidney, Austrália, com os pais, e depois foi para Nova York, onde estudou literatura inglesa, na Columbia University.
Apesar de ter estudado literatura, começou a carreira como jornalista financeiro, passando pelos jornais Financial Times, Wall Street Journal e, mais tarde, pela revista Time, da qual foi correspondente na Ásia, durante três anos.
Depois disso, se tornou jornalista freelancer. Foi nesse período, com toda a experiência que adquiriu no mercado financeiro, que escreveu O tigre branco, cuja temática é o contraste entre riqueza e pobreza na Índia moderna.
Por ocasião da entrega do Booker Prize, Adiga explica o papel de sua literatura. “Num tempo em que a Índia sofre grandes mudanças e – como a China – provavelmente vai herdar do Ocidente o domínio do mundo, é importante que escritores como eu tentem mostrar as injustiças brutais de nossa sociedade. É o que tento fazer. Não se trata de ataque contra o país. Trata-se de um processo mais amplo de auto-crítica.”
Segundo ele, os países europeus fizeram o mesmo. A literatura dos grandes autores do século XIX, como Gustave Flaubert, Honoré de Balzac e Charles Dickens criticava seus respectivos países e isso foi fundamental para que tivessem uma sociedade melhor. Atualmente, Adiga mora em Bombaim (Mumbai), na Índia.
Avaliação
No Brasil, O tigre branco teve boa aceitação da crítica. Um dos textos mais interessantes sobre o romance foi publicado na Folha de S. Paulo pelo professor e crítico literário Alcir Pécora, no dia 10 de novembro de 2008, sob o título “Autor de talento, Adiga faz ‘cria monstruosa’”.
Pécora começa o texto assim:
“Imagine um país onde os ricos dirijam bêbados pelas avenidas da capital. Imagine que quando aconteça de atropelarem as crianças que vivem de esmolas nas ruas, os pais nem pensem em denunciar o crime, pois sabem que a polícia prefere queimar o arquivo vivo a prender o assassino. Ou imagine que a denúncia seja feita afinal, e que o rico acusado imediatamente obrigue um empregado - o motorista, por exemplo-, a assumir o crime e a cumprir a pena em seu lugar. Imagine que o motorista que resistir à imputação tenha a família massacrada. Imagine que o motorista se sinta grato pela chance de fazer bem ao patrão.
Imagine um país onde os professores não apenas não ensinem seus alunos, mas ainda roubem as suas merendas, por jamais receber o salário. Um país onde os proprietários estuprem as filhas dos miseráveis que vivem em suas terras e ainda carreguem seus filhos para trabalhar de graça em seus negócios. Onde nenhuma doença de pobre tenha cura, pois não há médicos ou equipamentos nos hospitais públicos, embora haja médicos recebendo pelo trabalho não realizado. Imagine tuberculosos cuspindo sangue até morrer em corredores cobertos de jornais e de estrumes de animais. Imagine lavar o chão salpicado com o sangue do pai morto, sem atendimento, num desses hospitais.”
O crítico continua a saraivada de situações a serem imaginadas, para concluir:
“Imagine, entretanto, uma narrativa no qual o leitor se visse rindo a contragosto, e até gargalhando, página após página, enquanto as cenas de um país exatamente assim se descobrissem nas suas páginas. (...) O talentoso pai dessa cria monstruosa intitulada ‘O Tigre Branco’ responde pelo nome de Aravind Adiga. Que seja autor indiano, esteja por volta dos 35 anos, viva em Bombaim e tenha vencido o Booker Prize de 2008 são informações pelas quais não ponho a mão no fogo.”
Apressado, Adiga já lançou o segundo romance, Between the Assassinations, que saiu na Índia agora no final do ano. Filho de família rica, nasceu em Madras, em 1974. Morou em Sidney, Austrália, com os pais, e depois foi para Nova York, onde estudou literatura inglesa, na Columbia University.
Apesar de ter estudado literatura, começou a carreira como jornalista financeiro, passando pelos jornais Financial Times, Wall Street Journal e, mais tarde, pela revista Time, da qual foi correspondente na Ásia, durante três anos.
Depois disso, se tornou jornalista freelancer. Foi nesse período, com toda a experiência que adquiriu no mercado financeiro, que escreveu O tigre branco, cuja temática é o contraste entre riqueza e pobreza na Índia moderna.
Por ocasião da entrega do Booker Prize, Adiga explica o papel de sua literatura. “Num tempo em que a Índia sofre grandes mudanças e – como a China – provavelmente vai herdar do Ocidente o domínio do mundo, é importante que escritores como eu tentem mostrar as injustiças brutais de nossa sociedade. É o que tento fazer. Não se trata de ataque contra o país. Trata-se de um processo mais amplo de auto-crítica.”
Segundo ele, os países europeus fizeram o mesmo. A literatura dos grandes autores do século XIX, como Gustave Flaubert, Honoré de Balzac e Charles Dickens criticava seus respectivos países e isso foi fundamental para que tivessem uma sociedade melhor. Atualmente, Adiga mora em Bombaim (Mumbai), na Índia.
Avaliação
No Brasil, O tigre branco teve boa aceitação da crítica. Um dos textos mais interessantes sobre o romance foi publicado na Folha de S. Paulo pelo professor e crítico literário Alcir Pécora, no dia 10 de novembro de 2008, sob o título “Autor de talento, Adiga faz ‘cria monstruosa’”.
Pécora começa o texto assim:
“Imagine um país onde os ricos dirijam bêbados pelas avenidas da capital. Imagine que quando aconteça de atropelarem as crianças que vivem de esmolas nas ruas, os pais nem pensem em denunciar o crime, pois sabem que a polícia prefere queimar o arquivo vivo a prender o assassino. Ou imagine que a denúncia seja feita afinal, e que o rico acusado imediatamente obrigue um empregado - o motorista, por exemplo-, a assumir o crime e a cumprir a pena em seu lugar. Imagine que o motorista que resistir à imputação tenha a família massacrada. Imagine que o motorista se sinta grato pela chance de fazer bem ao patrão.
Imagine um país onde os professores não apenas não ensinem seus alunos, mas ainda roubem as suas merendas, por jamais receber o salário. Um país onde os proprietários estuprem as filhas dos miseráveis que vivem em suas terras e ainda carreguem seus filhos para trabalhar de graça em seus negócios. Onde nenhuma doença de pobre tenha cura, pois não há médicos ou equipamentos nos hospitais públicos, embora haja médicos recebendo pelo trabalho não realizado. Imagine tuberculosos cuspindo sangue até morrer em corredores cobertos de jornais e de estrumes de animais. Imagine lavar o chão salpicado com o sangue do pai morto, sem atendimento, num desses hospitais.”
O crítico continua a saraivada de situações a serem imaginadas, para concluir:
“Imagine, entretanto, uma narrativa no qual o leitor se visse rindo a contragosto, e até gargalhando, página após página, enquanto as cenas de um país exatamente assim se descobrissem nas suas páginas. (...) O talentoso pai dessa cria monstruosa intitulada ‘O Tigre Branco’ responde pelo nome de Aravind Adiga. Que seja autor indiano, esteja por volta dos 35 anos, viva em Bombaim e tenha vencido o Booker Prize de 2008 são informações pelas quais não ponho a mão no fogo.”
Com o texto estupendo de Pécora, cujo final lança dúvida sobre a identidade do escritor, aceitamos a pulga, mas também não podemos descartar a veracidade, e mais, deixamos outra especulação: será que o comportamento dos ricos descrito no romance é também comportamento dos ricos pais de Adiga?
Leia o texto completo de Alcir Pécora na Folha de S. Paulo.
Serviço
O livro de Adiga pode ser comprado na Livraria Cultura, clique no título.
Título: O tigre branco
Autor: Aravind Adiga
Editora: Nova Fronteira, 2008, páginas
Gênero: RomancePreço: R$ 34,90
O livro de Adiga pode ser comprado na Livraria Cultura, clique no título.
Título: O tigre branco
Autor: Aravind Adiga
Editora: Nova Fronteira, 2008, páginas
Gênero: RomancePreço: R$ 34,90
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