quarta-feira, 26 de novembro de 2008

ROMANCE: um filme pedindo para ser minissérie

Cena do filme de Guel Arraes, com Letícia Sabatella e Wagner Moura

Romance é um filme de Guel Arraes, sem a menor dúvida. Nele, vemos os mesmos trejeitos de outros filmes como Lisbela e o prisioneiro e O auto da Compadecida. O roteiro é do próprio Arraes e de Jorge Furtado (O homem que copiava, Saneamento básico), enfim, homens acostumados à comicidade.

Agora, se Romance pretendia ser um filme romântico, falhou. O romance no cinema tem um movimento que convida ao drama, uma doçura corroída pela dor. O tempo do Romance de Arraes é de comédia, o ritmo, toda a dramatização é de comédia. Na melhor das hipóteses, saiu uma comédia romântica.

Conta a história de Pedro e Ana (Wagner Moura e Letícia Sabatella), um casal de atores de teatro que se encontra para fazer a peça Tristão e Isolda, arquétipo das histórias de amor no Ocidente (tragédia amorosa das pesadas, na lenda). Os dois se apaixonam, mas ela é convidada a fazer novelas e aceita o convite. Pronto, está armado o conflito.

Ele não gosta da atitude dela, termina o namoro e fica só, no teatro, dirigindo e atuando em peças que revisitam todos os clássicos da dramaturgia ocidental, de Shakespeare a Edmond Rostand, durante três anos, enquanto ela se torna uma grande estrela de TV. Até que um dia, Ana convence seu produtor (José Wilker) a convidar Pedro para dirigir uma minissérie.

Advinha o que Pedro escolhe para fazer na TV? Tristão e Isolda. Mas precisava ser diferente. Ele então adapta a história para o Nordeste brasileiro e começa uma nova saga, cheia de cacoetes e chistes divertidos.

O elenco do filme de Arraes é repleno de nomes conhecidos da TV, com destaque par Vladmir Brichta (que está melhor que Moura), Andréa Beltrão e Marco Nanini. Até Bruno Garcia tem uma ponta em Romance.

A fotografia é belíssima, o figurino está perfeito. O filme não é ruim. Mas não é um drama, nem um romance convencional. A história é maravilhosa, divertidíssima, mas outra coisa incomoda um pouco, além da crise de gênero. A linguagem se aproxima demais da de TV. Arrisco a dizer que, se O auto da compadecida foi uma minissérie que se tornou filme, Romance é um filme pedindo para se tornar minissérie. Adaptando um pouquinho o roteiro, daria um grande sucesso na TV.

Para saber mais, clique aqui e acesse o site do filme.

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