terça-feira, 25 de novembro de 2008

A VOZ DO ESCRITOR: para quem quer escrever bem


Al Alvarez é um escritor freelancer que versa sobre todos os gêneros literários. Seus livros são um grande sucesso nos Estados Unidos e na Inglaterra, pelo menos. Já escreveu crítica literária para a New Yorker, polpudas histórias como ghost writer, além de poesia, romances e ensaios, como O deus selvagem, um longo olhar sobre o suicídio no Ocidente.

No Brasil, só temos três títulos traduzidos desse escritor inglês, que nasceu em Londres, em 1929. Além de O deus selvagem, há também Noite, uma espécie de biografia da escuridão, e A voz do escritor, que é a dica de leitura deste blog.

A voz do escritor é um pequeno e muito interessante tratado sobre a arte de escrever. Ele chama a atenção para as diferentes nuanças do ofício, mostrando qual é a importância da voz do escritor nesse processo.

Segundo Alvarez, a voz do escritor é essencial porque sem ela não há escritor. Há, no máximo, arremedo de escritor. Além disso, ele enfatiza a relação entre ler e escrever, que é incondicional para quem quer seguir o caminho das letras.

Então, o que seria essa voz? É a verdade que emana de nosso espírito e da maneira como nossa vida está organizada, no esconderijo da alma, trespassada pela linguagem. É nossa absorção do mundo erigida em palavras para dizermos alguma coisa, com toda a carga de persuasão que pudermos ter.

“A voz autêntica pode não ser aquela que você quer ouvir”, diz Alvarez. “Toda arte verdadeira”, continua ele, “é subversiva em um determinado nível ou em outro, mas não subverte simplesmente clichês literários e convenções sociais: também subverte os clichês e as convenções nos quais você mesmo desejaria acreditar. Como os sonhos, ela fala por partes de você de cuja existência você não se dá conta e das quais pode não gostar.”

Aprender a ler faz parte da busca por essa voz original, que equivale a desenvolver a arte de escutar, como explica Alvarez. “Para escrever bem, a primeira coisa de que se necessita é escutar bem. E isso, por sua vez, é algo que os escritores e leitores têm em comum. Ler bem significa abrir os ouvidos para a presença por trás das palavras e saber que notas são verdadeiras e que notas são falsas.”

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