“Para fazer uma boa análise de texto, você precisa saber tudo de fora e de dentro, e articular, conforme a pertinência estética, o externo com o interno.” A afirmação é de Davi Arrigucci Jr., crítico literário e professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP), numa entrevista de 1997 para a revista Magma, do Departamento de Teoria Literária da USP. Em 1999, o texto foi publicado no livro Outros achados e perdidos, que amplia Achados e perdidos, de 1979.
Uma das melhores coisas do livro, a entrevista dialoga com toda a sua obra, que inclui os ótimos O escorpião encalacrado, resultado de sua tese sobre Julio Cortázar, e Humildade, paixão e morte, sobre a poesia de Manuel Bandeira. Nessa entrevista entendemos melhor sua predileção pela estilística e a grande importância que ele dá ao processo histórico e ao contexto social na obra que analisa. “Marx dizia que talvez a história seja a única ciência do homem. Cada vez mais me convenço de que o decisivo é a gente examinar as relações com a história.”
Esta característica – que é o pilar de sustentação dos críticos oriundos da USP, aliada ao rigor da análise interna da obra, ou seja, do aspecto estético, tendo a palavra como a matéria-prima do objeto literário – é o que faz de Arrigucci Jr. um grande crítico, sem dúvida. Seu texto flui com abrangência de imagens.
Ele chega a dizer que a inspiração, termo criticado por muitos, é fundamental. “Manuel Bandeira dizia uma coisa importantíssima, que ‘até para atravessar a rua é preciso inspiração’. Você pode morrer ali se você entrar mal, não é?” Entrar bem num texto, tanto para escrever quanto para ler, é mesmo fundamental. Não dá para discordar do mestre.
Outros achados e perdidos traz uma gama variada de escritos, que vão de 1966 a 1979 e de 1988 a 1999. Analisa obras da literatura brasileira, hispano-americana e clássicos da literatura universal. Há pelo menos três textos que, junto com a entrevista, pagam o livro: Tradição e inovação na literatura hispano-americana; Guimarães Rosa e Góngora: metáforas, em que o autor defende a tese do maneirismo como a ferramenta mais eficaz para analisar a literatura de Rosa, no lugar do barroco; e A noite de Cruz e Sousa, analisando o aspecto soturno, mas de extrema agudeza, da poesia do simbolista catarinense.
No final do ensaio sobre o autor de Grande Sertão: Veredas, Arrigucci Jr. diz: “Podem-se aplicar ao estilo de Rosa muitos dos princípios reconhecidos, modernamente, como característicos do estilo maneirista pelos historiadores da arte: oscilação entre o real e o irreal, forma indireta intrincada da ‘comunicação’ simbolista, original combinação de arte criadora e cálculo reflexivo, iluminismo abstrato etc.”
Uma das melhores coisas do livro, a entrevista dialoga com toda a sua obra, que inclui os ótimos O escorpião encalacrado, resultado de sua tese sobre Julio Cortázar, e Humildade, paixão e morte, sobre a poesia de Manuel Bandeira. Nessa entrevista entendemos melhor sua predileção pela estilística e a grande importância que ele dá ao processo histórico e ao contexto social na obra que analisa. “Marx dizia que talvez a história seja a única ciência do homem. Cada vez mais me convenço de que o decisivo é a gente examinar as relações com a história.”
Esta característica – que é o pilar de sustentação dos críticos oriundos da USP, aliada ao rigor da análise interna da obra, ou seja, do aspecto estético, tendo a palavra como a matéria-prima do objeto literário – é o que faz de Arrigucci Jr. um grande crítico, sem dúvida. Seu texto flui com abrangência de imagens.
Ele chega a dizer que a inspiração, termo criticado por muitos, é fundamental. “Manuel Bandeira dizia uma coisa importantíssima, que ‘até para atravessar a rua é preciso inspiração’. Você pode morrer ali se você entrar mal, não é?” Entrar bem num texto, tanto para escrever quanto para ler, é mesmo fundamental. Não dá para discordar do mestre.
Outros achados e perdidos traz uma gama variada de escritos, que vão de 1966 a 1979 e de 1988 a 1999. Analisa obras da literatura brasileira, hispano-americana e clássicos da literatura universal. Há pelo menos três textos que, junto com a entrevista, pagam o livro: Tradição e inovação na literatura hispano-americana; Guimarães Rosa e Góngora: metáforas, em que o autor defende a tese do maneirismo como a ferramenta mais eficaz para analisar a literatura de Rosa, no lugar do barroco; e A noite de Cruz e Sousa, analisando o aspecto soturno, mas de extrema agudeza, da poesia do simbolista catarinense.
No final do ensaio sobre o autor de Grande Sertão: Veredas, Arrigucci Jr. diz: “Podem-se aplicar ao estilo de Rosa muitos dos princípios reconhecidos, modernamente, como característicos do estilo maneirista pelos historiadores da arte: oscilação entre o real e o irreal, forma indireta intrincada da ‘comunicação’ simbolista, original combinação de arte criadora e cálculo reflexivo, iluminismo abstrato etc.”
Para o leitor interessado em leituras agudas, em que o olho penetra a fundo o espaço do texto até chegar ao cerne da palavra, ao íntimo da intenção do autor, Outros achados e perdidos é uma indispensável baliza.
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