Hoje
em dia, pipocam na imprensam dados de pesquisas que mostram que as vendas de
livros estão caindo. Os supostos leitores da nova geração estão nascendo dentro
das plataformas virtuais. Isso não é alento para os amantes dos livros e, principalmente,
para o mercado editorial, porque as vendas dos e-books também estão caindo.
Significa
que o modo de consumir informação está mudando drasticamente. A transferência
de conhecimento está reivindicando uma nova tecnologia que não parece estar calcada
na palavra escrita, mas numa mescla de palavras faladas com um rol de imagens
numa nova plataforma, a de vídeos.
Nesse
novo formato, os pensadores falam, dão exemplos, explicam, argumentam, enquanto
um sistema de dados vai ilustrando as conversas, criando links com outros canais
ao toque na tela. Isso ainda não é ponto pacífico, mas resistentes como Ruy Castro
estarão mortos quando a mudança estiver efetivada.
O
problema é que até hoje, todos os pensadores e pesquisadores vêm das gerações
que leram livros. Ou seja, quem pensa é quem leu livros, quem sabe é quem leu
livros, quem ensina de verdade é quem colheu palavras escritas e as assimilou.
Quem serão os pensadores do futuro?
Em
um texto mui arguto na edição de hoje da Folha
de S. Paulo, intitulado O futuro do livro pode ser uma questão de
dicionário, o jornalista Roberto Dias argumenta: “Se não for pelos
livros atuais, como se dará a transmissão massificada do conhecimento? É
impossível responder a isso por ora, mas parece inegável que formatos em vídeo
vão ficando cada vez mais populares.”
Roberto
Dias não é leviano. Ele pondera sobre as consequências dessas mudanças, abre
espaço para o debate do futuro do livro. Mas ao demonstrar que o futuro do livro
pode descambar para um formato que não tem nada a ver com a palavra escrita, me
faz indagar sobre o futuro da literatura.
Como
ficaria a literatura? Acabaria? A poesia se desprega muito facilmente do
formato escrito, sobretudo porque nasceu na oralidade, quando todo mundo era
analfabeto, aliás, mais do que isso, todo mundo era ágrafo (palavrinha
horrorosa). Mas a prosa atual, não (à exceção dos contos de fadas). E o romance?
O romance muito menos. O romance é o caçula dos gêneros literários, a menina
dos olhos dos escritores de hoje. Sem palavra escrita, não há romance, há
cinema.
É
claro que tudo é uma questão de evolução, em meio a vendavais de involução, retrocessos
e avanços, quedas e aprumos. Mas pensar num futuro sem o formato de livros tal
como se conhece hoje, é pensar na própria ruína do presente ou numa passagem de
bastão do passado, mais uma vez, e tudo isso é muito dolorido.
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