Jon Krakauer, craque do jornalismo literário, lança mais um livro-reportagem que certamente virará filme em Hollywood, Missoula: estupro e justiça numa cidade universitária (Companhia das Letras, 2016, 488 páginas), que fala dos absurdos casos de estupros nas universidades americanas, praticados geralmente por atletas universitários, superpopulares e protegidos pela opinião pública, contra garotas bêbadas ou desprotegidas de alguma forma.
Missoula
é uma cidade do Estado de Montana, no norte dos EUA. É por onde Krakauer começa
seu livro, com um caso de estupro em que um jovem jogador de futebol americano
chamado Beau Donaldson se aproveitou da colega Allison Huguet, que estava
bêbada e desacordada. Em seu depoimento, ela diz que quando acordou, sentiu a
respiração ofegante de Donaldson, em cima dela, e as estocadas em sua vagina.
Autor
de best-sellers como Na natureza
selvagem, que virou filme dirigido por Sean Penn, Krakauer também tem outro
título muito em voga entre os amantes da boa narrativa, No ar rarefeito. Missoula
é diferente desses dois títulos porque toca fundo numa questão social e de
estratos de poder. A cultura do estupro dentro de universidades nos EUA é
assustadora, não só em instituições do interior, mas no país inteiro, inclusive
em grandes centros como Nova York.
No
Brasil, vários casos de estupros em situações semelhantes já foram denunciados,
mas, como nos EUA, a justiça passa ao largo disso e deixa impune os garanhões
aproveitadores de menininhas recém-chegadas nas universidades. Só a Faculdade
de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) tem inúmeras histórias
parecidas, que ocorrem numa tradicional festa dos estudantes veteranos para
recepcionar calouros, histórias que vire e mexe aparecem na mídia, depois
somem, e parece ficar por isso mesmo.
Veremos
como o livro de Krakauer será recebido pelos leitores de cá. Talvez passe em
silêncio. Talvez inspire uma boa pauta de reportagem investigativa sobre
estupros em universidades no Brasil.
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