Foto: White Cottage
Rumo à Estação
Finanças
Livro
que narra a história das mentes mais brilhantes do socialismo é o marco zero de
um império editorial
Em
2016, celebram-se 30 anos de uma pequena revolução no mercado editorial
brasileiro, o surgimento da Companhia das Letras, editora que tem como ícone de
sua fundação Rumo à Estação Finlândia, de Edmund Wilson (1895- 1972).
O livro acompanha as principais mentes forjadoras do socialismo, mas sobretudo mostra
como Karl Marx fundou uma teoria anticapitalista tão radical e revolucionária
que acabou culminando na Revolução Russa, que fará um século no ano que vem.
O mais
curioso dessa história é a gênese improvável entre um empreendimento de mercado
e a venda de uma narrativa sobre um ideal socialista. Publicado em 1940, Rumo à Estação Finlândia não vendeu patavinas no seu lançamento, e nunca foi um
grande campeão de vendas nos EUA, seu local de origem, mas a partir de outubro
de 1986, viria a se tornar best-seller no Brasil.
Nessas
três décadas, o livro ultrapassou os 60 mil exemplares em 13 reimpressões. Parece
pouco, mas em um país em que ninguém lê, é um sucesso considerável. Só a edição
de bolso, lançada por ocasião dos 20 anos da Casa, vendeu 6 mil exemplares. Esse
achado se deveu à competência visionária de Luiz Schwarcz, dono
da Companhia das Letras, e ao faro de Paulo Sérgio Pinheiro, sociólogo e
diplomata especialista em violência e política, amigo de Schwarcz desde quando
este era diretor da Brasiliense.
Schwarcz deixou a Brasiliense justamente para fundar a Companhia das Letras,
revolucionando não só do ponto de vista gráfico, com capas e acabamentos muito
bem desenhados, como também nas revisões e traduções impecáveis. Revolução
semelhante só veio a se experimentar em 1997, com a CosacNaify, que fechou as
portas em 2015, num lindo e contraditório caso de sucesso e utopia.
Já o
empreendimento de Schwarcz, fundado com investimento de US$ 140 mil
(US$ 100 mil da venda de um apartamento e US$ 40 mil emprestados dos pais,
donos de gráfica), se tornou um grande império editorial (incluindo os selos Cia.
das Letras, Quadrinhos na Cia., Claro Enigma e Penguin Companhia). Atualmente, a
editora está em segundo lugar no ranking das best-sellers, perdendo apenas para
a Sextante, segundo dados da Câmara Brasileira de Livros.
Rumo à Estação Finlândia é a
pedra angular da Companhia das Letras. A partir daí, muitos best-sellers apareceram,
incluindo O Mundo de Sofia, de Jostein Gaarder, que na edição brasileira
já vendeu mais de 1 milhão de exemplares. Entre os autores tupiniquins, os
campeões de vendas são Vinicius de Moraes, com Antologia Poética, e
Jorge Amado, com Capitães da Areia.
Vindo
de uma família intelectualizada, formado em Administração pela Fundação Getúlio
Vargas, Luiz é casado com Lilia Moritz Schwarcz, uma das historiadoras mais
respeitadas do Pais, que recentemente organizou História do Brasil Nação,
em cinco volumes, lançados pela Objetiva em 2014, um ano antes de a Companhia
das Letras comprar o controle acionário da editora carioca, em parceria com a
gigante inglesa Penguin Books.
Em
2006, o grupo contava com 101
funcionários, publicando 200 títulos por ano. Em 2007, só o Governo do Estado
de São Paulo comprou 3,3 milhões de livros da editora. Segundo sua assessoria
de imprensa, a empresa hoje, com todos os selos, tem 240 funcionários e planeja
lançar ao longo de 2016 por volta de 300
títulos. O auge da festa será em outubro, quando no dia 27 a Casa alcançará os 30 anos.
(Leia também O marxismo e o fracasso da revolução e Trem da história)
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