terça-feira, 17 de maio de 2016

Trem da história

                                                                                 Foto: Simplesmente Berlim    
Escultura que homenageia Karl Marx (sentado) e Friedrich Engels, em Berlim


Trem da história

Linhas gerais da história mostram como Edmund Wilson construiu o esqueleto de Rumo à Estação Finlândia, sua crônica sobre a conjuntura do socialismo

Revolução Industrial (1760-1820)
Novas técnicas e invenções de máquinas culminaram numa nova sociedade de capitalistas e operários. A demanda por mão de obra barata levava crianças a começar a trabalhar aos cinco anos. Mulheres, homens e crianças eram explorados nas fábricas e minas. Quando não davam mais conta do trabalho, viravam refugo, tornando-se mascates, varredores, lixeiros, prostitutas e ladrões. Não ascendiam economicamente.


Jules Michelet (1798-1874)
Pais pobres. Aprendeu latim e grego ainda criança, e depois inglês, italiano e alemão. Seus livros sobre a Idade Média e a Revolução Francesa embasaram os novos pensadores sociais. “O trabalhador é escravo ou da vontade alheia ou do destino.” Mas rejeitava o socialismo. “A burguesia e o povo têm de aprender a se conhecer e se amar mutuamente.”


Renan (1823-1892) e Taine (1828-1893)
Ernest Renan e Hippolyte Taine formam a dupla de historiadores que afrontam a história social de Michelet, incrementando a história das ideias (Renan) e o liberalismo histórico (Taine), defendendo a lei e a ordem da burguesia.


Graco Babeuf (1760-1797)
Filho de um protestante que empobrecera, Babeuf aprendeu a ler com papéis catados na rua. “Seu pai o fez jurar que defenderia até a morte os interesses do povo.” E assim ele fez. É um dos marcos da criação do socialismo. Defendia o princípio da igualdade social.


Saint-Simon (1760-1825)
Descendente de condes, após se desiludir com os negócios capitalistas, transformou-se num grande pensador social. Era antiliberal, criticava a ideia de liberdade individual porque achava que na sociedade “as partes deviam subordinar-se ao todo”, em que cada um haveria de desenvolver sua aptidão nata.


Charles Fourier (1772-1837)
Filho de um comerciante de fazenda francês, ganhou muito dinheiro, mas, tanto quanto Robert Owen, era sensível ao sofrimento do povo e detestava injustiças sociais. Quando ainda era garoto, na escola, levava surras homéricas na defesa de colegas menores.


Robert Owen ( 1771-1858)
Seu pai era um seleiro inglês. Tal como Fourier, foi um industrial bem sucedido. Acreditava que o interesse de cada indivíduo era compatível com o interesse de todos. Considerado uma das personalidades mais extraordinárias de sua época, investia todo o lucro de suas indústrias para criar uma comunidade que visava a igualdade absoluta.


Comuna de Paris (18 de março a 28 de maio de 1871)
Comunistas tomaram Paris, mas o governo burguês, entrincheirado em Versalhes, enviou tropas bem armadas que combateram a população durante oito dias, massacrando entre 20 mil e 30 mil homens e mulheres.


Marx (1818- 1883) e Engels (1820- 1895)
Karl Marx tinha como mito predileto o titã Prometeu, que roubou a centelha divina e a insuflou na alma dos mortais. Marx quis fazer o mesmo com os deuses do capitalismo e criou a teoria marxista.

Com a ajuda de Friedrich Engels, Marx analisou a economia e a política pela ótica da história, que expunha a luta de classes: conflitos entre uma classe exploradora e uma explorada. Previam que o conflito resultaria na tomada dos meios de produção pelos operários, no fim da sociedade de classes e na libertação do espírito do homem.


Estação Finlândia

Lenin (1870- 1924) e Trótski (1879- 1940)

Pequeno burguês, Vladimir Lenin se juntou aos operários e camponeses contra a aristocracia russa. Aliou seu pensamento ao de Marx, foi preso na Sibéria, exilado em Londres, e depois voltou como vitorioso da Revolução em 1917, dando início ao império comunista que, nas mãos de Stálin, viria a matar milhões de pessoas.

Leon Trótski ajudou Lenin a consolidar a vitória bolchevique, mas pregava uma revolução permanente, do tipo “a luta continua”. Stálin considerava a revolução pronta e acabada, e mandou seus agentes matar Trótski no México, onde havia se escondido.

Os russos, muitas vezes antissemitas, deglutiram as ideias revolucionárias de um judeu e demoliram o império russo para construir outro. Um dos equívocos de Edmund Wilson, segundo ele mesmo reconheceu mais tarde, foi não ter observado o pensamento e a obra do francês Anatole France com mais afinco.

Edmund Wilson lançou Rumo à Estação Finlândia em 1940. O pau já estava comendo na Segunda Guerra Mundial, mas Wilson ainda não tinha se dado conta da perversidade do novo império russo, na pessoa de Joseph Stálin. Por isso falou de Anatole France de en passant.

“Politicamente, France é socialista; no entanto, dois dos livros de sua última fase, Os deuses têm sede e A revolta dos anjos, têm como único objetivo mostrar que as revoluções terminam gerando tiranias pelo menos tão opressoras quanto aquelas que visaram derrubar.”



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