Foto: Simplesmente
Berlim
Escultura que homenageia Karl Marx (sentado) e Friedrich Engels, em Berlim |
Trem da
história
Linhas
gerais da história mostram como Edmund Wilson construiu o esqueleto de Rumo à
Estação Finlândia, sua crônica sobre a conjuntura do socialismo
Revolução Industrial (1760-1820)
Novas
técnicas e invenções de máquinas culminaram numa nova sociedade de capitalistas
e operários. A demanda por mão de obra barata levava crianças a começar a
trabalhar aos cinco anos. Mulheres, homens e crianças eram explorados nas
fábricas e minas. Quando não davam mais conta do trabalho, viravam refugo,
tornando-se mascates, varredores, lixeiros, prostitutas e ladrões. Não
ascendiam economicamente.
Jules Michelet (1798-1874)
Pais
pobres. Aprendeu latim e grego ainda criança, e depois inglês, italiano e
alemão. Seus livros sobre a Idade Média e a Revolução Francesa embasaram os
novos pensadores sociais. “O trabalhador é escravo ou da vontade alheia ou do
destino.” Mas rejeitava o socialismo. “A burguesia e o povo têm de aprender a
se conhecer e se amar mutuamente.”
Renan (1823-1892) e Taine
(1828-1893)
Ernest
Renan e Hippolyte Taine formam a dupla de historiadores que afrontam a história
social de Michelet, incrementando a história das ideias (Renan) e o liberalismo
histórico (Taine), defendendo a lei e a ordem da burguesia.
Graco Babeuf (1760-1797)
Filho
de um protestante que empobrecera, Babeuf aprendeu a ler com papéis catados na
rua. “Seu pai o fez jurar que defenderia até a morte os interesses do povo.” E
assim ele fez. É um dos marcos da criação do socialismo. Defendia o princípio
da igualdade social.
Saint-Simon (1760-1825)
Descendente
de condes, após se desiludir com os negócios capitalistas, transformou-se num
grande pensador social. Era antiliberal, criticava a ideia de liberdade
individual porque achava que na sociedade “as partes deviam subordinar-se ao
todo”, em que cada um haveria de desenvolver sua aptidão nata.
Charles Fourier (1772-1837)
Filho
de um comerciante de fazenda francês, ganhou muito dinheiro, mas, tanto quanto
Robert Owen, era sensível ao sofrimento do povo e detestava injustiças sociais.
Quando ainda era garoto, na escola, levava surras homéricas na defesa de
colegas menores.
Robert Owen ( 1771-1858)
Seu
pai era um seleiro inglês. Tal como Fourier, foi um industrial bem sucedido. Acreditava
que o interesse de cada indivíduo era compatível com o interesse de todos.
Considerado uma das personalidades mais extraordinárias de sua época, investia
todo o lucro de suas indústrias para criar uma comunidade que visava a
igualdade absoluta.
Comuna de Paris (18 de março a
28 de maio de 1871)
Comunistas
tomaram Paris, mas o governo burguês, entrincheirado em Versalhes, enviou
tropas bem armadas que combateram a população durante oito dias, massacrando
entre 20 mil e 30 mil homens e mulheres.
Marx (1818- 1883) e Engels (1820-
1895)
Karl
Marx tinha como mito predileto o titã Prometeu, que roubou a centelha divina e
a insuflou na alma dos mortais. Marx quis fazer o mesmo com os deuses do
capitalismo e criou a teoria marxista.
Com a
ajuda de Friedrich Engels, Marx analisou a economia e a política pela ótica da
história, que expunha a luta de classes: conflitos entre uma classe exploradora
e uma explorada. Previam que o conflito resultaria na tomada dos meios de
produção pelos operários, no fim da sociedade de classes e na libertação do
espírito do homem.
Estação
Finlândia
Lenin (1870- 1924) e Trótski (1879-
1940)
Pequeno
burguês, Vladimir Lenin se juntou aos operários e camponeses contra a
aristocracia russa. Aliou seu pensamento ao de Marx, foi preso na Sibéria,
exilado em Londres, e depois voltou como vitorioso da Revolução em 1917, dando
início ao império comunista que, nas mãos de Stálin, viria a matar milhões de
pessoas.
Leon
Trótski ajudou Lenin a consolidar a vitória bolchevique, mas pregava uma
revolução permanente, do tipo “a luta continua”. Stálin considerava a revolução
pronta e acabada, e mandou seus agentes matar Trótski no México, onde havia se
escondido.
Os
russos, muitas vezes antissemitas, deglutiram as ideias revolucionárias de um
judeu e demoliram o império russo para construir outro. Um dos equívocos de
Edmund Wilson, segundo ele mesmo reconheceu mais tarde, foi não ter observado o
pensamento e a obra do francês Anatole France com mais afinco.
Edmund
Wilson lançou Rumo à Estação Finlândia em 1940. O pau já estava comendo
na Segunda Guerra Mundial, mas Wilson ainda não tinha se dado conta da
perversidade do novo império russo, na pessoa de Joseph Stálin. Por isso falou
de Anatole France de en passant.
“Politicamente,
France é socialista; no entanto, dois dos livros de sua última fase, Os
deuses têm sede e A revolta dos anjos, têm como único objetivo
mostrar que as revoluções terminam gerando tiranias pelo menos tão opressoras
quanto aquelas que visaram derrubar.”
(Leia
também Rumo à Estação Finanças e O marxismo e o fracasso da salvação)
...
Nenhum comentário:
Postar um comentário