A Banda Mais Bonita da Cidade, de Curitiba, em uma semana fez o que marmanjos geniais e leves não fazem em anos, conquistar a mídia. Viraram uma espécie de gripe suína da canção do Youtube. E são bons, são bons mesmo.
A música que os levou ao estrelato é uma composição simples, Oração, mas cheia de sentimento rasgado, com dois versos (quer dizer, parecem ser os únicos da canção) bonitos como o diabo. O sujeito poético da canção diz a alguém: “Coração não é tão simples quanto pensa/ Nele cabe o que não cabe na dispensa.”
O vídeo, filmado despretensiosamente, foi o palito de fósforo do sucesso. Quem verificar o clipe de Elephant Gun, de Beirut, verá várias semelhanças de enquadramento, além da semelhança do próprio som. Outra coisa que chama a atenção é a insistente repetição dos versos, como se fosse uma versão cult de Florentina de Jesus.
É lindo. Dá uma vontade danada de sair cantando pelas ruas da cidade. O problema é que, na cidade onde moro (e olha que está longe de ser São Paulo), se eu fizer isso serei atropelado. Uma pena. Vou dispensar a dança pela rua, mas não dispensarei ainda a bela canção, que já tem 3 milhões de acessos no Youtube (Veja).
Para mim, o mais legal de tudo isso é ser uma banda de Curitiba se apresentando ao mundo com uma nova proposta de vida. Ser feliz. Foi o que disse à Folha de S. Paulo um membro da banda. Muita gente critica a música e o clipe porque todos somos muito felizes, disseram.
Isso é ótimo. Gostei muito da declaração. Morei em Curitiba três anos. E o que os curitibanos não demonstram muito é a tal felicidade, a joie de vivre. A música da Banda Mais Bonita da Cidade, pelo menos esta, é incrível, num clipe simples e uma canção modesta, mas com bastante vigor e lirismo.
Sem medo de falar de amor. Outra novidade em Curitiba. Os curitibanos querem deixar o frio e a solidão, para mergulhar no sol da vida, para reivindicar o que outros, como os cariocas, têm de sobra, a felicidade, seja lá o que seja isso.
Os curitibanos, na pessoa da banda, os curitibanos, querem pôr na geladeira, por uns tempos, as presas afinadas do vampiro. Bravo!
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