A drinking song
Wine comes in at the mouth
And love comes in at the eye;
That’s all we shall know for truth
Before we grow old and die
I lift the glass to my mouth,
I look at you, and I die.
W. B. Yets
Só a arte é capaz de salvar, e talvez por isso, sendo espelho da arte, a Psicanálise tenha ajudado tanto o Ocidente a se redimir de suas culpas, construídas, na maioria das vezes, pelos princípios cristãos, dentro dos quais eu mesmo – ainda que ateu, agnóstico, cético, desembestado, cristão revoltado, ou qualquer coisa – estou inserido até a medula.
Eu mesmo tenho as minhas culpas. Eu mesmo tenho as dores do mundo em minha alma. Sinto o peso do universo inteiro sobre meus ombros, porque acho, em quase certeza, de que o universo conspira contra, porque no cavalgar de minha vida quixotesca sempre vi donzelas em perigo e tratores imensos de descaso passando por cima dos meus.
A arte salva, não porque seja o Novo Cristo, mas porque carrega consigo um interminável gama de recursos de linguagem e de compreensão, que ultrapassa a lógica formal, e que por isso é tida como veículo da emoção, mais até, representante de um tipo de conhecimento sem núcleo, ou seja, sem a coerência repressora. “Não me exijam coerência, sou um artista”, teria dito Glauber Rocha.
Mas a arte, o arco e a lira, a arte, o ar e o fogo, a arte queima e purifica, forja nos moldes da água. A arte salva em seu discurso, vão, louco, logos descabido e só aos loucos destinado.
Desatinados. É como tratam os que levam a arte a sério, a arte como um campo do saber tão importante quanto a filosofia, a arte que ensina a pensar. Por isso mesmo chamaram Heidegger de imbecil, porque colocou poetas e filósofos lado a lado, como se um não voasse sem o outro, e não voa.
Heidegger, raio rápido que racha a árvore ao meio, a árvore do saber, dentro da qual está a casa do ser, dentro da qual mora o homem, inquilino do ser, não qualquer um, mas filósofos e poetas.
Vinicius lia Nietzsche como o mais inspirado dos poetas em Assim falou Zaratustra. E era. Nietzsche queria ser músico. Se fosse um deus, seria Dioniso, aquele que dança. O mais louco dos deuses, gênio do entusiasmo, da transformação, das máscaras, do êxtase, do fora de si, antiapolíneo, antirracional, antissol, noturno, visceral, morador por anos a fio das cavernas mais profundas, para depois submergir em dias claros, para dominar Apolo e pular de alegria no espaço luminoso do carnaval.
Dioniso é a parte da arte mais verdadeira. Embora precise do mar, da praia e do sol. Embora todos os deuses ligados à desconstrução do ser racional, para a criação de outro eu, mais equilibrado entre a noite e o dia, sejam fulminados, como foi Dioniso.
O que será então do novo deus Lacan, que retirou do túmulo anunciado a teoria de Freud e jogou nela Heidegger, e inoculou Nietzsche, o arco recurvo de Heráclito em rios soturnos?
Só a arte é capaz de salvar. Mas salvar do quê?
Eu mesmo tenho as minhas culpas. Eu mesmo tenho as dores do mundo em minha alma. Sinto o peso do universo inteiro sobre meus ombros, porque acho, em quase certeza, de que o universo conspira contra, porque no cavalgar de minha vida quixotesca sempre vi donzelas em perigo e tratores imensos de descaso passando por cima dos meus.
A arte salva, não porque seja o Novo Cristo, mas porque carrega consigo um interminável gama de recursos de linguagem e de compreensão, que ultrapassa a lógica formal, e que por isso é tida como veículo da emoção, mais até, representante de um tipo de conhecimento sem núcleo, ou seja, sem a coerência repressora. “Não me exijam coerência, sou um artista”, teria dito Glauber Rocha.
Mas a arte, o arco e a lira, a arte, o ar e o fogo, a arte queima e purifica, forja nos moldes da água. A arte salva em seu discurso, vão, louco, logos descabido e só aos loucos destinado.
Desatinados. É como tratam os que levam a arte a sério, a arte como um campo do saber tão importante quanto a filosofia, a arte que ensina a pensar. Por isso mesmo chamaram Heidegger de imbecil, porque colocou poetas e filósofos lado a lado, como se um não voasse sem o outro, e não voa.
Heidegger, raio rápido que racha a árvore ao meio, a árvore do saber, dentro da qual está a casa do ser, dentro da qual mora o homem, inquilino do ser, não qualquer um, mas filósofos e poetas.
Vinicius lia Nietzsche como o mais inspirado dos poetas em Assim falou Zaratustra. E era. Nietzsche queria ser músico. Se fosse um deus, seria Dioniso, aquele que dança. O mais louco dos deuses, gênio do entusiasmo, da transformação, das máscaras, do êxtase, do fora de si, antiapolíneo, antirracional, antissol, noturno, visceral, morador por anos a fio das cavernas mais profundas, para depois submergir em dias claros, para dominar Apolo e pular de alegria no espaço luminoso do carnaval.
Dioniso é a parte da arte mais verdadeira. Embora precise do mar, da praia e do sol. Embora todos os deuses ligados à desconstrução do ser racional, para a criação de outro eu, mais equilibrado entre a noite e o dia, sejam fulminados, como foi Dioniso.
O que será então do novo deus Lacan, que retirou do túmulo anunciado a teoria de Freud e jogou nela Heidegger, e inoculou Nietzsche, o arco recurvo de Heráclito em rios soturnos?
Só a arte é capaz de salvar. Mas salvar do quê?
5 comentários:
Opa, Lacan!
Minha religião, rs.
Fale mais a respeito...
http://meudivaenacozinha.blogspot.com/search/label/Lacan
Dá uma olhadinha nisso.
Oi, Vanessa, eu tenho seu blog aqui na minha lista e venho acompanhando seus textos também. Um abraço!
Belo texto!
Adorei.
Abraço
Obrigado, Leila! Um abraço!
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