A ignorância é um troço difícil de ser expurgado. Quase sempre vence o homem. No meu caso, ela me vence diuturnamente. Nem precisava fazer tal afirmação como se fosse constatação nova. Bastaria lembrar daquilo que já foi e vem sendo dito há mais de dois mil anos.
O cartão vermelho mais recente de minha consciência veio quando disse no post anterior que não tinha lido nenhuma tradução de Denise Bottmann. “Não tenho nada a ver com o trabalho dela, sequer li alguma vez sua tradução”, disse, num contexto preciso, de repúdio aos argumentos duvidosos de donos de editoras contra ela.
Denise me deixou um comentário e, por causa disso, num átimo, decidi olhar no site da Livraria Cultura os livros que já traduziu. Não fiquei surpreso com ela, mas comigo mesmo. Como se diz bobagem neste mundo! O autoespanto é maior porque bastava uma olhadela rápida antes de ter publicado o post, mesmo que tenha sido uma publicação no calor da indignação com o senhor Emediato.
O fato é que descobri que já li pelo menos dois livros traduzidos por Denise. Claro. Isso me alivia de certa forma. Posso retirar parte do peso que havia colocado sobre mim quando dissera que não ter lido sequer uma tradução dela denunciava “minha pouca leitura”. Não me iludo. Diante de grandes leitores sei que sou minúsculo. Mas há músculos em meu cérebro de exercícios contínuos de algumas leituras.
Eis que descobri que Maquiavel no inferno (Companhia das Letras, 1993), de Sebastian de Grazia, foi traduzido por Denise. Li esse livro quando fazia faculdade de Jornalismo, na Universidade Federal de Goiás. Eu me lembro que até escrevi um texto, tentando ser engraçadinho: FHC no inferno! Deus, ó, Deus, tire Maquiavel de lá, que acabo de descobri que está replicado no blog Nicolau Maquiavel, de Roberson Marcomini.
Outro livro traduzido por Denise, que li, foi Ariel (Unicamp, 1991), do uruguaio José Enrique Rodó (1872-1917). Este escritor já foi grande. Hoje parece meio esquecido. Mas foi ele quem propôs uma integração latino-americana, se não politicamente, pelo menos do ponto de vista da cultura. Em Ariel, ele evoca Shakespeare para falar mal do imperialismo norte-americano e dizer – isso no começo do século XX – que nós latinos deveríamos nos aproximar mais da Europa e nos afastar do mal yankee.
Ariel é um livro do qual gostaria um dia de falar aqui. Este ato falho, este esquecimento ou negligência do trabalho dos tradutores não é só meu, é de muitos leitores. Mas no meu caso, é imperdoável, uma vez que deixei de fazer algumas seções de exercício que propus para este blog.
Denise também traduziu autores dos quais tive contato com outros livros, como Hannah Arendt, Peter Burke e Rorbert Darnton.
O cartão vermelho mais recente de minha consciência veio quando disse no post anterior que não tinha lido nenhuma tradução de Denise Bottmann. “Não tenho nada a ver com o trabalho dela, sequer li alguma vez sua tradução”, disse, num contexto preciso, de repúdio aos argumentos duvidosos de donos de editoras contra ela.
Denise me deixou um comentário e, por causa disso, num átimo, decidi olhar no site da Livraria Cultura os livros que já traduziu. Não fiquei surpreso com ela, mas comigo mesmo. Como se diz bobagem neste mundo! O autoespanto é maior porque bastava uma olhadela rápida antes de ter publicado o post, mesmo que tenha sido uma publicação no calor da indignação com o senhor Emediato.
O fato é que descobri que já li pelo menos dois livros traduzidos por Denise. Claro. Isso me alivia de certa forma. Posso retirar parte do peso que havia colocado sobre mim quando dissera que não ter lido sequer uma tradução dela denunciava “minha pouca leitura”. Não me iludo. Diante de grandes leitores sei que sou minúsculo. Mas há músculos em meu cérebro de exercícios contínuos de algumas leituras.
Eis que descobri que Maquiavel no inferno (Companhia das Letras, 1993), de Sebastian de Grazia, foi traduzido por Denise. Li esse livro quando fazia faculdade de Jornalismo, na Universidade Federal de Goiás. Eu me lembro que até escrevi um texto, tentando ser engraçadinho: FHC no inferno! Deus, ó, Deus, tire Maquiavel de lá, que acabo de descobri que está replicado no blog Nicolau Maquiavel, de Roberson Marcomini.
Outro livro traduzido por Denise, que li, foi Ariel (Unicamp, 1991), do uruguaio José Enrique Rodó (1872-1917). Este escritor já foi grande. Hoje parece meio esquecido. Mas foi ele quem propôs uma integração latino-americana, se não politicamente, pelo menos do ponto de vista da cultura. Em Ariel, ele evoca Shakespeare para falar mal do imperialismo norte-americano e dizer – isso no começo do século XX – que nós latinos deveríamos nos aproximar mais da Europa e nos afastar do mal yankee.
Ariel é um livro do qual gostaria um dia de falar aqui. Este ato falho, este esquecimento ou negligência do trabalho dos tradutores não é só meu, é de muitos leitores. Mas no meu caso, é imperdoável, uma vez que deixei de fazer algumas seções de exercício que propus para este blog.
Denise também traduziu autores dos quais tive contato com outros livros, como Hannah Arendt, Peter Burke e Rorbert Darnton.
5 comentários:
Denise tem mais é que denunciar mesmo! Que postura chata do Emediato. Ele deveria se preocupar em responder à denúncia, nunca em criticar quem denunciou.
E aí, Lúcio! Pois é. Eu repudio a desonestidade intelectual como qualquer desonestidade. E por isso também acho que as denúncias devem ser feitas, razão porque admiro o blog e a postura da Denise. Como não conheço as traduções para cotejá-las, coisa que a Denise deve fazer muito bem, me ative à declaração do Emediato, por achar que não cabia ali. A resposta dele, muito educada, por sinal, me tirou da contenda. O que ficou claro pra mim é que entre os dois parece haver uma desavença inabalável. Como o que se devem combater são os plágios, as pessoas que plagiam e as que aceitam os plágios nas editoras, eu acho que Emediato respondeu bem, deu suas razões, uma vez que ele mesmo não é plagiador. De fato, ele deixou claro que a resposta é ao meu texto e que a contenda com a Densie vai continuar. De meu lado, vou continuar acessando o blog da Denise, porque, ainda acho que a vítima nessa história toda é o autor da tradução plagiada, mesmo que nem o próprio tradutor (por estar morto) nem sua família queiram saber dessa briga.
Qunado a gente fala demais acaba não exlicando muito claramente, né, rs.
Abç, Lúcio! Valeu pela visita. Espero que seu desânimo com o blog passe logo. Seus textos são muito bons, com um humor faltante na internet.
Olá Saudações!
Grata surpresa ter caido aqui via blog do Lùcio Junior, muito enriquecedor este espaço, vai p os meus favoritos.
Trabalho como tradutora forense, e uma vez pesquisando sobre o assunto, li um trabalho literário sobre tradução Forense, publicando com 5 traduções de 5 tradutores distintos de apenas 1 parágrafo do livro "Alice no Pais das Maravilhas".
Impressionante cada delas com uma sintaxe diferente, tradutor é autor de alguma forma e a Lei o considera como tal e ponto!
A Denise certamente está bem fundamentada pra levar a cabo essa demanda perrengue.
A ela meu respeito, admiração e solidariedade.
A vc Giba parabéns pelo Blog!
Grande Sérgio! Muito obrigado pelas palavras, rapaz! Vindo de você, estou certo de que são sinceras. Grande abraço!
MNC, obrigado pelo comentário! Pois é, esse negócio de tradução é incrível mesmo, né. Acabo de ler Um Conto de Duas Cidades, do Dickens, pela segunda vez, mas numa outra tradução. Na primeira, há vários sinônimos para 'massa', ou 'multidão', em tons depreciativos que às vezes denotam um tipo de medo do narrador, uma fobia, sei lá, como 'plebe', 'turba', 'horda', e na segunda tradução, tudo isso é posto abaixo, só há 'multidão' e 'massa', 'grupo de pessoas', enfim. Neste caso, só indo à fonte pra saber quem fez o quê com o texto original. Um abraço!
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