quinta-feira, 25 de junho de 2009

LITERATURA AFEGÃ: Atiq Rahimi no Brasil



O escritor e cineasta afegão, radicado na França, Atiq Rahimi estará em São Paulo nos dias 6 e 7 de julho, para o lançamento de seu livro mais recente, Syngué Sabour: pedra-de-paciência.

Rahimi surgiu no cenário da literatura internacional após ganhar o Prêmio Goncourt 2008, concedido pela Sociedade Literária do Goncourt e tido como o mais importante da França.

A vinda do escritor ao Brasil é importante para quem gosta de ler e entender o diferente e quer acompanhar de perto a tendência da nova literatura, que cada vez mais tem mostrado a face étnica de várias partes do mundo.

No dia 6 de julho (segunda-feira), ele vai proferir a palestra Escritor e cineasta: uma dupla carreira, no SESC Consolação, às 20 horas, na Rua Doutor Vila Nova, 245 (perto da Universidade Mackenzie).

E em 7 de julho (terça-feira), estará na Livraria Martins Fontes, avenida Paulista, 509, Lj 17, para um bate-papo e autógrafos, das 19 às 21 horas.

Além de Syngué Sabour, podem ser encontrados em português do Brasil outros dois livros do escritor, Depois de Terra e cinzas (2002) e As mil casas do sonho e do terror (2003), todos publicados pela Estação Liberdade.

Syngué Sabour conta a história de uma mulher afegã que assiste o marido preso à cama com uma bala na cabeça, enquanto no pano de fundo está a guerra civil que assola o Afeganistão já há um bom tempo.

Em entrevista ao jornal francês L’Humanité, Rahimi diz que a personagem do seu livro é uma mulher comum, com os meus sentimentos e desejos e esperanças de qualquer mulher de qualquer parte do mundo.

“Não faço distinção entre uma mulher afegã tolhida sob sua burca e as outras mulheres do mundo”, diz o escritor. Mas ele sabe, certamente, que no destrinchar da alma aparecem as diferenças e a identidade da mulher, do povo, da cultura afegãos. E isso é o que deve interessar ao leitor.


Rahimi: escritor e cineasta afegão

O autor, que diz ter aprendido a se libertar de tudo com os franceses, como Rimbaud, Baudelaire e Marguerite Duras, nasceu em Cabul, Afeganistão, em 1962. Estudou no liceu francês local e cursou letras na universidade da capital afegã, trabalhando em seguida como jornalista e frequentando a cena literária e artística local.

Sua língua materna é o persa, com a qual conheceu o mundo. “É a língua com que conheci meus tabus, minhas proibições, meus limites”, escreve na orelha de Syngué sabour.

Diz isso porque em 1985, conseguiu permissão do governo francês para viver como refugiado, e desde então vive em Paris, onde doutorou-se em comunicação audiovisual na Sorbonne e mantém um convívio diário com alíngua francesa, mas escreveu o livro em persa.


Dois trechos de entrevistas a jornais franceses:

“Venho de um país onde reina a poesia. Aprendemos a ler na escola com poemas. Ela alimenta cada momento da vida. Ela é que me inspira nessa busca de economia de palavras. Conseguir transmitir emoção com o mínimo possível de meios.” (Le Temps, 21/11/2008)

“Se tivesse escrito esse livro em persa, teria adotado uma linguagem pudica e praticado a auto-censura. Escrever em francês me permite realmente entrar no interior dos personagens, falar do corpo. Escrever numa outra língua é um prazer. É um pouco como fazer amor.” (L’Express, 13/11/2008)

Serviço:

Nenhum comentário: