Prestes a completar cem anos do nascimento de Vinicius de Moraes, as editoras começam a se organizar para faturar uma graninha com a obra do poeta carioca, nascido em 1913 e morto em 1980. Mas o público também sai ganhando com isso, porque é um trabalho que merece ser revisitado mesmo.
Em 2004, o poeta Eucanãa Ferraz já tinha reorganizado o livro da Editora Nova Aguilar que traz a poesia completa e parte da prosa de Vinicius de Moraes, em 4ª edição, com a fortuna crítica ampliada.
De acordo com o Caderno Ilustrada, do jornal Folha de S. Paulo deste sábado (26/07), a Companhia das Letras vai lançar agora no dia 28 de julho três livros do poeta em edições semelhantes às originais, acrescidas de posfácios inéditos dos organizadores e textos críticos de arquivos.
As publicações são O Caminho para a Distância, seu primeiro livro (1933), Poemas, Sonetos e Baladas (1946) e Antologia Poética (1949), a este somado o poema 'Pátria Minha', de 1949. Até 2011, está previsto para serem lançados 15 livros ligados ao poeta carioca pela Companhia das Letras.
Essa revisitação, em grande parte, é devida ao esforço de Eucanaã Ferraz, sem dúvida, que – além de organizar e lançar nova luz à Poesia completa e prosa – em 2006 escreveu Folha Explica Vinicius de Moraes, uma ótima introdução para quem quer entender e ler melhor a obra poética de um autor que ficou marcado por rótulos como pop star, amigo, amante e ídolo, qualidades que ele também tinha, não se pode negar.
Desconfie da comodidade
Vinicius de Moraes é um grande poeta, muito maior do que se convencionou a julgá-lo. Esse poeta maltratado pela crítica só porque escreveu versos de amor demais, como se o amor fosse doença mal curada e que na poesia se inoculasse como veneno, a tuberculose do verso.
Mas Vinicius de Moraes não escreveu só o amor, falou de tudo, como faz um poeta moderno, da vida rasteira à complexidade contemporânea, como bomba atômica, a vida operária, depois de sair do abraço do sublime.
Segundo Ferraz, em Folha Explica Vinicius de Moraes, a palavra deste poeta exige percepção aguda e demorada, porque ela “instala um necessário processo de singularização das coisas, do tempo, do espaço, dos afetos.”
Se não houver esta busca, que deve ser estendida a qualquer boa poesia, diga-se de passagem, “corremos o risco de fruir apenas o que na paisagem nos parece confortável, sem atentar para o que ali é estranhamento, novidade, construção”, diz Ferraz.
É assim que devemos ler Vinicius de Moraes. Afinal, só para recorrer a Ferraz mais uma vez, “toda leitura exige que se desconfie da comodidade.”
Poema inédito sobre Carlos Drummond de Andrade
O estudo de Ferraz sobre a obra de Vinicius de Moraes não pára por aí. A Folha de S. Paulo (26/07) também traz uma reportagem falando de Poesia Esparsa, que traz poemas avulsos do poeta carioca, cujo lançamento está previsto para novembro deste ano, com organização de Ferraz.
Neste livro será publicado o poema inédito ‘Retrato de Carlos Drummond de Andrade’. A reportagem, escrita pelo jornalista Eduardo Simões, também fala da amizade entre Moraes e Drummond.
Leia trecho:
“O carioca bon vivant e o mineiro tímido e introvertido nutriam uma admiração mútua baseada, em parte, na discrepância entre suas personalidades. Numa crônica de 1940, Vinicius puxou a sardinha para sua brasa boêmia e, referindo-se a Drummond, escreveu:
‘Depois de uns chopes, a máscara do poeta esgarça-se num riso silencioso, que lhe vem de uma paisagem casta e longínqua na alma, e sua cabeça baixa se levanta, suas mãos mortas se reencarnam, e ele tamborila na mesa uma alegria rápida e extraordinária.’
Em 2004, o poeta Eucanãa Ferraz já tinha reorganizado o livro da Editora Nova Aguilar que traz a poesia completa e parte da prosa de Vinicius de Moraes, em 4ª edição, com a fortuna crítica ampliada.
De acordo com o Caderno Ilustrada, do jornal Folha de S. Paulo deste sábado (26/07), a Companhia das Letras vai lançar agora no dia 28 de julho três livros do poeta em edições semelhantes às originais, acrescidas de posfácios inéditos dos organizadores e textos críticos de arquivos.
As publicações são O Caminho para a Distância, seu primeiro livro (1933), Poemas, Sonetos e Baladas (1946) e Antologia Poética (1949), a este somado o poema 'Pátria Minha', de 1949. Até 2011, está previsto para serem lançados 15 livros ligados ao poeta carioca pela Companhia das Letras.
Essa revisitação, em grande parte, é devida ao esforço de Eucanaã Ferraz, sem dúvida, que – além de organizar e lançar nova luz à Poesia completa e prosa – em 2006 escreveu Folha Explica Vinicius de Moraes, uma ótima introdução para quem quer entender e ler melhor a obra poética de um autor que ficou marcado por rótulos como pop star, amigo, amante e ídolo, qualidades que ele também tinha, não se pode negar.
Desconfie da comodidade
Vinicius de Moraes é um grande poeta, muito maior do que se convencionou a julgá-lo. Esse poeta maltratado pela crítica só porque escreveu versos de amor demais, como se o amor fosse doença mal curada e que na poesia se inoculasse como veneno, a tuberculose do verso.
Mas Vinicius de Moraes não escreveu só o amor, falou de tudo, como faz um poeta moderno, da vida rasteira à complexidade contemporânea, como bomba atômica, a vida operária, depois de sair do abraço do sublime.
Segundo Ferraz, em Folha Explica Vinicius de Moraes, a palavra deste poeta exige percepção aguda e demorada, porque ela “instala um necessário processo de singularização das coisas, do tempo, do espaço, dos afetos.”
Se não houver esta busca, que deve ser estendida a qualquer boa poesia, diga-se de passagem, “corremos o risco de fruir apenas o que na paisagem nos parece confortável, sem atentar para o que ali é estranhamento, novidade, construção”, diz Ferraz.
É assim que devemos ler Vinicius de Moraes. Afinal, só para recorrer a Ferraz mais uma vez, “toda leitura exige que se desconfie da comodidade.”
Poema inédito sobre Carlos Drummond de Andrade
O estudo de Ferraz sobre a obra de Vinicius de Moraes não pára por aí. A Folha de S. Paulo (26/07) também traz uma reportagem falando de Poesia Esparsa, que traz poemas avulsos do poeta carioca, cujo lançamento está previsto para novembro deste ano, com organização de Ferraz.
Neste livro será publicado o poema inédito ‘Retrato de Carlos Drummond de Andrade’. A reportagem, escrita pelo jornalista Eduardo Simões, também fala da amizade entre Moraes e Drummond.
Leia trecho:
“O carioca bon vivant e o mineiro tímido e introvertido nutriam uma admiração mútua baseada, em parte, na discrepância entre suas personalidades. Numa crônica de 1940, Vinicius puxou a sardinha para sua brasa boêmia e, referindo-se a Drummond, escreveu:
‘Depois de uns chopes, a máscara do poeta esgarça-se num riso silencioso, que lhe vem de uma paisagem casta e longínqua na alma, e sua cabeça baixa se levanta, suas mãos mortas se reencarnam, e ele tamborila na mesa uma alegria rápida e extraordinária.’
Já Drummond, que dizia admirar Vinicius justamente ‘pelo jeito tão diferente’ do seu, declarou, em entrevista a Zuenir Ventura, na revista ‘Veja’ (1980), que ‘invejava o conceito que o Vinicius teve de vida, de independência de espírito, de falta de compromissos com as convenções sociais’. O poeta disse ainda que Vinicius "fazia o que queria e sempre com aquela doçura, com aquela capacidade de encantar que fazia com que as donas-de-casa mais severas o adorassem’.”
Leia mais sobre Vinicius de Moraes neste blog:
Um comentário:
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