sexta-feira, 25 de julho de 2008

GORE VIDAL NA AUTOBIOGRAFIA DE PAUL BOWLES

Gore Vidal (1925 - ) não está entre os maiores ficcionistas norte-americanos. Está, no máximo, entre os medianos. Mas é uma figura notável e polêmica, principalmente por contestar a política internacional de seu país, dando-lhe a condição de ser admirado pela periferia.

Devia ser um menino levado. Mesmo depois de crescidinho dava uma de mischievous child. A prova está numa passagem da autobiografia de Paul Bowles (1910 – 1999), outro norte-americano, escritor de ficção e compositor de música para o teatro e cinema.

Bowles publicou sua autobiografia Tantos Caminhos em 1972. É uma história de vida como tantas outras de homens de letras, principalmente daqueles de descendência nórdica, judeus ou protestantes: pai violento, mãe sensível ou submissa, família conturbada, cuja maior contribuição é a de empurrar o filho para o mundo imaginativo.

Mas o que interessa aqui é a passagem em que Bowles narra o episódio da molecagem de Vidal.

“Enquanto eu compunha a música de Summer and Smoke, em Nova York, Gore Vidal aparecia quase diariamente na hora do almoço, e saíamos para comer. Gore tinha feito uma brincadeira com Tennessee Williams e Truman Capote e me contou a história em dialeto, por assim dizer. Ligou para Tennessee e, sendo um imitador estupendo, fez-se passar por Truman. Depois, com risadinha e tudo, induziu Tennessee a tecer comentários desairosos sobre os livros de Gore. Mexericaram um pouco e desligaram. Dias depois Gore encontrou Tennessee e fez alusões inequívocas a alguns de seus comentários. Tennessee pensou que Truman fora correndo relatar maliciosamente a conversa a Gore. Assim, ficou aborrecido com Truman, o que era o objetivo da trama.”

Serviço

Título: Tantos Caminhos
Autor: Paul Bowles
Editora: Martins Fontes, 1994, 460 páginas
Gênero: Autobiografia
Preço: R$ 47,00

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