“Texto” em latim é “tecido”, e “palavra”, portanto, é o fio que tece a alma. Desde as primeiras letras, o homem já havia entendido isso, e a noção de que o conhecimento, a verdade e o comprometimento moral da humanidade estão intimamente ligados a esse manto vem de longe. Na Grécia antiga, prova-se isso pelo mito de Atena, a deusa da sabedoria e da fertilidade. Atena é exímia tecelã, a mais primorosa, a perfeita fiadora, a mais inteligente das deusas, filha predileta de Zeus, intocada, e isenta de repreensões pelo deus dos deuses.
Em Odisséia, Homero registra Atena como a guardiã da justiça, a protetora dos justos. E o que são as leis humanas senão palavras? Atena está presente nos momentos mais críticos de Ulisses. Está de igual modo sempre ao lado de Penélope, a esposa fiel do solerte herói. Quando este estava ausente, a casa de Penélope vivia cheia de pretendentes atrevidos, que queriam se casar a qualquer custo com a bela senhora. O que ela fazia para se proteger, à espera de seu marido? Dizia aos homens que escolheria um pretendente assim que terminasse de tecer um tapete, e todas as noites desfazia tudo que já havia tecido.
O que é isso senão a astúcia da palavra? Os homens confiavam nela, acreditavam naqueles fios, que eram apenas metáforas para uma enganação, justa, diga-se de passagem; afinal, Atena não dá ponto sem nó. O que Penélope fazia, na verdade, era uma espécie de esboço do que hoje se pode chamar de “conversa fiada”. Mas em seu caso, muito bem resguardada pela deusa, que em latim é chamada de Minerva, sendo ela responsável pelo voto que leva o seu nome, desde o julgamento de Orestes, que fora absolvido pela deusa de brilhantes olhos, quando a votação estava empatada.
Em Odisséia, Homero registra Atena como a guardiã da justiça, a protetora dos justos. E o que são as leis humanas senão palavras? Atena está presente nos momentos mais críticos de Ulisses. Está de igual modo sempre ao lado de Penélope, a esposa fiel do solerte herói. Quando este estava ausente, a casa de Penélope vivia cheia de pretendentes atrevidos, que queriam se casar a qualquer custo com a bela senhora. O que ela fazia para se proteger, à espera de seu marido? Dizia aos homens que escolheria um pretendente assim que terminasse de tecer um tapete, e todas as noites desfazia tudo que já havia tecido.
O que é isso senão a astúcia da palavra? Os homens confiavam nela, acreditavam naqueles fios, que eram apenas metáforas para uma enganação, justa, diga-se de passagem; afinal, Atena não dá ponto sem nó. O que Penélope fazia, na verdade, era uma espécie de esboço do que hoje se pode chamar de “conversa fiada”. Mas em seu caso, muito bem resguardada pela deusa, que em latim é chamada de Minerva, sendo ela responsável pelo voto que leva o seu nome, desde o julgamento de Orestes, que fora absolvido pela deusa de brilhantes olhos, quando a votação estava empatada.
Quando digo “confio na tua palavra”, quero dizer que minha consciência se liga à tua pelos fios que tu tens, cuja qualidade acredito ser boa e não vai permitir que esses mesmos fios se quebrem. Mesmo sendo falsa tal proposição, o verbo “confiar”, que vem do latim “fido” (“fidare”, fiar, confiar) e não do latim “filo” (“filare”, fiar, tecer) tem lá seu parentesco com o tecido da palavra. Afinal, a palavra de Deus também é fio, e quem a retém como verdade, é porque antes de reter o fio, retém a fé (“fides”).
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