Foto: Gilberto G. Pereira
A literatura passa bem sem leitores, e leitores hão de
passar bem sem a literatura. Nada disso elimina a existência nem de um nem de
outro. Há pessoas que não leem literatura e vivem bem, e se lessem, a vida
talvez não melhorasse em nada.
Há pessoas que vivem bem sem literatura, e se lessem
talvez a vida melhorasse em alguma frente, por algum efeito de alma. Há ainda
pessoas que vivem bem sem literatura, e se lessem talvez a vida piorasse, por
alguma manobra psicológica nas engrenagens entre a linguagem e o mundo.
E há, claro, as pessoas que leem, que fazem parte de uma
minoria estatística que atravessou o mundo disputando o poder no Ocidente. “A
leitura nos ajuda a compreender o valor da vida”, disse Proust. Mas o silêncio
e a ignorância às vezes nos protegem do inferno dos signos.
Eu prefiro ler, e nadar de braçadas no mar amargo e doce
da existência, entre anjos e demônios, sendo solapado por altas ondas, às
vezes, ou avistando ilhas para descansos, rumo às quais minha alma nada
tentando alcançá-las. Minha alma nada.
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