Morei
em São Paulo por quase seis anos (2001-2002, 2005-2009), num momento da minha
vida que tudo era novidade, e como Sampa é rápida, também vivi novidades para
mim que eram novidades para essa cidade célere, insana, essa cidade incenso de
minha alma, essa cidade santa, profana, meu rio de coisas, como por exemplo a
primeira Virada Cultural em 2005 e a inauguração do Museu da Língua Portuguesa,
em 2006, que ontem ardeu para sempre e foi-se sob o fogo em labaredas terríveis
que vi em vídeos e fotos à distância, como tudo se vai nessa cidade solta.
Doeu-me
ver um ícone da cidade se desfazer. Será refeito, claro. Voltará, como a velha
imagem da Fênix, eu sei, mas ainda assim é doloroso. Se tinha de ser, foi bom ter
sido numa segunda-feira quando não havia visitantes. Um herói morreu, um dos
bombeiros que tentavam controlar o fogo, e tudo ganha uma dimensão mais triste
ainda.
Fica
aqui minha tristeza por isso que se foi. Mas ficam também as lembranças de
tantas sensações boas que vivi ali, como a primeira vez que assisti ao
espetáculo de introdução do museu, com mil vozes de artistas brasileiros, lendo
poesias e prosas da língua mãe e seus afluentes.
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