O poeta negro e
abolicionista Luiz Gama (1830-1882), em seu poema Quem sou eu?, dizia
que no Brasil quem se sentia tão branco a ponto de discriminar negros e
mestiços enganava a si mesmo. “Nobres Condes e Duquesas,/ Ricas Damas e
Marquesas,/ Deputados, Senadores,/ Gentis-homens, vereadores,/ Belas Damas
emproadas, De nobreza empantufadas,/ Repimpados principotes,/ Orgulhosos
fidalgotes,/ Frades, Bispos, Cardiais,/ Fanfarrões imperiais,/ Gentes pobres,
nobres gentes,/ Em todos há meus parentes.”
Já Inácio da
Catingueira, que nasceu e morreu escravo na Vila de Patos, no sertão da
Paraíba, no começo do século 19, era um poeta e cantador analfabeto, mas dono
de uma verve incrível que se defendia do racismo com brilho, a ponto de ser
lembrado até hoje: “O senhô me chama negro/ Pensando que me acabrunha,/ O senhô
de home branco/ Só tem os dente e as unha .../ Sua pele é mui queimada/ Seu
cabelo é testemunha.”
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