Sou como Ulisses. Minha Troia é o
trabalho, o espaço entre ônibus (o mar turbulento com todos os ícones da
perdição e do cansaço) e deveres. Dentro da redação, os elementos do contrário,
do tripalium. É a guerra diária (em surdina?).
Mas não fui eu o fatídico
inventor do cavalo, nem o selei, nem o presenteei, tampouco fui eu quem mandou
matar o menino (histórias cruzadas). Sou um Ulisses diferente, menos solerte, menos
forte, menos sábio e corajoso. Não tenho a proteção da belíssima,
sapientíssima, celestíssima e justa Atená. Mas também sou menos cruel.
Minha Ítaca, minha casa e os
livros, minha família (e há inclusive uma Penélope [Telêmaco]), minha Ítaca,
quisera ser de Homero, apenas, mas são tantas Ítacas. Mister não fugir. Sou
como Ulisses, mas diferente dos gregos (será!).
Chico Buarque cantou as mulheres
de Atenas. Mas há outras, as de Troia. Helena não era de Troia. Mas Hécuba era de
Troia. Cassandra era de Troia. Andrômica (Virgem Nossa Senhora), mulher de
Heitor, “o maior dos guerreiros troianos”, era de Troia.
Ulisses itaquense, goianiense,
mato-grossense, tocantinense, maranhense, francisquense, natividense,
penelopense, ellense, paranaense, sãopaulense, essense, ulissense. Pura
literatura. Troia (trabalho). Ítaca (livros em páginas). “Todo homem necessita
de um lugar para voltar”. No risco iluminado de meu destino (ou seria escuridão?),
não há um coro que chore por mim.
4 comentários:
Gilberto,
Bom dia!
Ao falar da Volúpia, usei este teu link hoje:
http://leiturasdogiba.blogspot.com.br/2009/08/mitologia-grega-ii-os-principais-mitos.html
Espero que me permitas.
Abraços,
Destino:
http://mude.blogspot.com.br/2013/03/39.html
Claro, Edson! Permissão consentida sempre. Eu é que agradeço a lembrança! Abraço!
Que belo texto.
Me fez sentir mais saudade da minha desejosa Ítaca. Minha Helena está quase de fato de atenas, no calmo mundo da espera, quarentena, como que mirando no exemplo de tecer longos bordados. Ulisses(na mitologia Romana, ou Odisseu como escreveu Homero), baiano, aguardando o dia da flecha certeira entre os arcos, para me sentir novamente em casa (desabafo desse desapartamentado morando com a sogra,temporareamente,rsrsrs)
Abração amigo, texto realmente que nos faz relembrar os bons contos épicos gregos e nos leva a pensar um pouco em nossas odisséias cotidianas.
Obrigado, meu amigo, pelo belíssimo comentário!
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