sábado, 12 de novembro de 2011

Réplica: Mirisola responde à Folha

Na edição deste sábado da Folha de S. Paulo, o escritor Marcelo Mirisola replicou o texto de Josélia Aguiar, do sábado passado (5 de novembro), em que a jornalista e blogueira, a propósito do novo livro do escritor paulistano, Charque, fala das polêmicas e de desafetos em torno dele.

Como eu havia escrito um texto ecoando essa coisa toda, vou ecoar também a réplica. Segue abaixo.


RÉPLICA

Como se deve servir o "Charque"

MARCELO MIRISOLA
ESPECIAL PARA A FOLHA

"Fama de encrenqueiro atrapalha lançamento de livro de Mirisola."

Eis o título da matéria publicada nesta Folha na edição de sábado passado.

Um encrenqueiro de verdade, desses que frequentam manchetes sensacionalistas, teria -no mínimo- pedido indenização por danos morais. Não vou fazer isso.

De qualquer forma, quero dizer que é muito triste estar aqui exercendo o direito de resposta em vez de falar de literatura, que é o que deveria importar em um caderno de cultura.

Mas vamos lá. Logo no início da "matéria", a repórter afirma que, nos últimos dez anos, depois de eu ter publicado o "Azul do Filho Morto", apareci na web e na imprensa mais por conta de "fanfarras" e "polêmicas" do que por conta dos livros que eu deveria ter escrito.

Para ela, "Bangalô", "Joana a Contragosto", "Memórias da Sauna Finlandesa", entre outros seis títulos publicados, não passam de bizarrias, e daí depreende que o período em que fui cronista da AOL e os três anos que sou colunista do site Congresso em Foco devem significar marmelada e goiabada.

Os palhaços quem são? Decerto meus leitores e os editores que me publicaram ao longo desse tempo.

A repórter acredita que meu chibantismo afastou-me do convívio civilizado de colegas, curadores e críticos afins.

Graças a Deus!, quero distância dessa gente cultivada que promove bacanais com dinheiro de renúncia fiscal e frequenta os mesmos saraus da ilustríssima repórter.

Não sou despachante, meu lance é literatura.

Isso não quer dizer que eu seja um homem amargo e irascível, como a "matéria" quis me vender.

Ao contrário, sempre recebi de braços abertos quem me procurou para entrevistas e se, eventualmente, minhas reações parecem desproporcionais, podem apostar que não são gratuitas.

Jamais usaria "cofrinhos peludos" para ilustrar minhas ideias e/ou embalar meus ressentimentos.

Tenho educação, e ainda me sobra muito estilo e independência -essas coisas que devem contrariar o "modus faciendi" e envenenar a rotina dos tais "curadores", "críticos" e "colegas de trabalho". Lamento.

Enfim. Dizer que estou mendigando resenha só não é mais leviano e estapafúrdio do que terminar o texto dizendo que eu vou ser "retratado" num livro infantil do qual sou autor, com Furio Lonza.

A repórter não teve acesso a esse livro, portanto a informação é falsa e incita o leitor distraído a deduzir que o autor em questão é um tolo inconsequente e carente (em busca de uma resenha) que não deveria ser levado a sério.

Se tem alguma criança mostrando o "cofrinho peludo em festa de aniversário" no lugar de tratar de literatura, essa criança (ou fanfarrão) seguramente não sou eu.

Ah, e o lançamento que a Folha não cobriu foi um sucesso.

MARCELO MIRISOLA, 45, é autor de 12 livros, entre os quais "Charque" (Barcarola, 2011)".

4 comentários:

Revistacidadesol disse...

Giba: o que ele diz pode ser verdade, mas o fato é Mirisola baixou a crista. Já vi ele respondendo mensagem em comunidade Orkut em homenagem a ele, ou criada pelo próprio.

Eu acho Mirisola bom cronista e escritor mediano, com bons momentos, mas repetitivo e superestimado no princípio e hoje colocado na geladeira.

Abs do Lúcio Jr.

Gilberto G. Pereira disse...

Imagino, Lúcio. A Josélia falou uma coisa interessante no texto dela: pouca gente se atreve a escrever como ele, porque realmente rende poucos frutos. E aí entra o que você diz, ao avaliá-lo como escritor mediano. Eu particularmente o acho acima da média. O problema é que o tipo de literatura que ele faz só costuma dar certo com grandes cérebros, como Dostoievski e até Georges Bataille. Por outro lado, John Fante e Bukowski também são escritores que não são grandiosos (são bons) e deram conta do recado. Mas também chingaram menos, né, rs. Abraço!

Revistacidadesol disse...

Quando ele xinga, é quando eu mais gosto dele. O problema é que a literatura dele está acima da média, sim, tem bons momentos, como o conto Hildegard, de O Azul do Filho Morto. Mas o livro como um todo é uma longa exortação a lamber buça e transar com "retardados".

Abs do Lúcio Jr

Gilberto G. Pereira disse...

hehehe!