Não gosto de falar de autores que não costumo ler. Do argentino Ernesto Sabato, só li O escritor e seus fantasmas e Sobre heróis e tumbas. Este, um belo romance, longo, às vezes cansativo, mas representativo. Talvez eu não o tenha lido com muita coragem (é preciso coragem para ler?).
Lembro-me de muitas passagens do livro, de gente entrando e saindo de lugares, mas a maior lembrança é quando alguém, talvez o narrador, cita o nome de um jogador argentino que havia criado a bicicleta, aquela jogada de lance genial que aqui dizemos ter sido inventada por Leônidas da Silva.
Não me lembro em que página está essa passagem em Sobre heróis e tumbas, mas acho que foi ali que parei de ler.
Sabato morreu aos 99 anos, entre sexta e este sábado, 30 (faria 100 anos em 24 de junho). É considerado um dos maiores autores do século 20. Gostaria de lê-lo mais.
Em O escritor e seus fantasmas, o autor argentino diz:
“A condição mais preciosa do criador é o fanatismo. Tem de ter uma obsessão fanática, nada deve antepor-se à sua criação, deve sacrificar qualquer coisa a ela. Sem esse fanatismo nada de importante se pode fazer.”
Sobre a limitação e a força da literatura, nesse livrinho para lá de interessante sobre o ofício de escrever, Sabato também diz:
“Bastam umas poucas notas para que Debussy crie uma atmosfera sutil e inefável que um escritor não conseguirá jamais, qualquer que seja o número de páginas que escrever. Todo escritor conhece esse desalento, essa tristeza que o invade quando sente as limitações de sua arte.”
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