segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Reengravatando Vinicius

Nesta segunda-feira, sob a batuta do Ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, o governo brasileiro está homenageando o poeta e diplomata Vinicius de Moraes (1913-1980). Em vida, Vinicus, que era do segundo escalão do Itamaraty, havia sido aposentado à força ('à força' aqui é força de expressão), em 1968, pelos militares donos do poder.

A alegação era de que o poeta era poeta demais para ser diplomata, ou seja, era boêmio, não era assim como um Guimarães Rosa, que já havia morrido, inclusive, naquela época, nem um João Cabral de Melo Neto, nem dezenas de outros poetas ou intelectuais escritores como Sérgio Paulo Rouanet, João Almino, Alberto da Costa e Silva, Ribeiro Couto (que também já morreu, há muito tempo).

A homenagem pós-morte a Vinicius resgata sua condição de diplomata ativo, outorgando-lhe o cargo de Ministro de Primeira Classe, ou seja Embaixador. Tudo isso é muito bonito. Eu particularmente acho de grande dignidade por parte do governo. Onde Vinicius será embaixador a essa altura do campeonato realmente não sei.

Mas tudo isso também me lembra uma frase de Vinicius, um poeta que muito admiro e sobre o qual tantas vezes já escrevei aqui, que diz “detesto tudo que oprime o homem, inclusive a gravata”, numa entrevista a Clarice Lispector. O fato é que ele está agora, simbolicamente, sendo reengravatado.

Procurei uma foto de Vinicius de Moraes com gravata, mas não achei. Que fique registrada no Leituras do Giba também esta homenagem.

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