O
jornalista sueco Stieg Larsson (1954-2004) morreu antes de ver sua obra Millennium (trilogia de romances
policiais Os homens que não amavam as
mulheres, A menina que brincava com
fogo e A rainha do castelo de ar)
brilhar nas livrarias e no cinema. Os livros foram sacados de seus arquivos após
ele morrer e publicados a partir de 2005, e os filmes vieram na cola do sucesso
editorial a partir de 2009.
Os
herdeiros agora contrataram um escritor profissional (um tal de David
Lagercrantz) para escrever o quarto volume, com uma tiragem 2,7 milhões de
exemplares, sob o título A garota na
teia da aranha (com lançamento mundial, inclusive no Brasil).
Na
Suécia, a trilogia foi filmada com a atriz maravilhosa Noomi Rapace fazendo o
papel da sexy e sombria hacker Lisbeth Salander, que tem uma vida conturbada, tornando-se
órfã, abusada pelo segundo preceptor, e ganha a vida invadindo redes de
computadores para serviços de espionagem. Acaba conhecendo o jornalista Mikael
Blomqvist, editor da revista Millennium,
e ajuda-o a desvendar um crime antigo sobre violência contra mulheres. A partir
daí, a vida dela e a do jornalista se costuram nas tramas seguintes.
O
sucesso editorial é incontestável. Os três livros juntos já venderam 80 milhões
de exemplares. E os três filmes suecos também são muito bons. Mesmo assim,
Hollywood achou que deveria fazer uma refilmagem da trilogia, começando pelo primeiro
volume, dirigido pelo ótimo David Fincher, sob o título inglês The girl with the dragon tattoo.
Convidaram
Rapace para o papel de Salander (pode?), e ela, claro, recusou. “Como eu faria
o papel de uma personagem que já fiz? O que pude dar a ela já dei.” Então
escolheram outra atriz maravilhosa para o papel, com um nome tão extravagante
(aos olhos de um brasileiro) quanto o da sueca, a americana Rooney Mara.
O
filme de Fincher é ótimo, foi indicado a cinco Oscar, inclusive o de melhor atriz
coadjuvante (Mara), mas só levou o de mixagem de som. A trilogia sueca é tão
boa quanto o filme de Fincher, em termos de direção e de atores (mas perde em
fotografia e nos recursos técnicos), e sequer foi indicada (nem o primeiro,
para ficar nos termos da comparação) a um Oscar de melhor filme estrangeiro.
O
projeto inicial de Hollywood era filmar os três volumes também, mas pararam no
primeiro. Muitos acham que isso ocorreu porque os produtores demoraram demais,
e aí a proposta foi esfriando e perdendo interesse dos investidores. Agora
parece que não vai haver a sequência. Mas o buraco é mais embaixo. Se olharmos
os orçamentos de ambas as produções, comparando o primeiro filme sueco e seu
igual americano, a diferença proporcional de faturamento é brutal.
Os homens que não amavam as mulheres original gastou o equivalente a US$ 11,7 milhões e
faturou US$ 94 milhões, ou seja, faturou oito vezes mais. Já a produção
americana (The girl with the dragon tattoo)
gastou US$ 90 milhões e faturou US$ 232 milhões, ou seja, não chegou a três
vezes o orçamento, marca que aponta o filme como grande sucesso.
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