terça-feira, 19 de julho de 2011

Jô Soares e a CAL

No fim de noite desta segunda-feira, assistindo ao Programa do Jô, assisti também a uma cena bem cômica. Jô entrevistou o escritor da nova geração Mario Vitor Rodrigues, neto de Nelson Rodrigues.

O rapaz é muito educado. Pude notar isso quando ele começou a falar de como havia chegado ao ofício de escritor. Tentara tudo, inclusive empresário do ramo do futebol, até que começou a escrever, gostou e se tornou escritor.

Na enumeração do que havia feito, ora citando a profissão, ora, colocando um verbo na frase, como “fui empresário, também estudei nos Estados Unidos, fiz um monte de atividades até me tornar escritor. Fiz CAL”.

E aí o Jô, numa autoprestidigitação mental, editou seu próprio entendimento das coisas, editou também seu discernimento sobre o mundo, e pôs na cabeça que o rapaz havia trabalhado como fiscal.

O rapaz explicou que havia 'feito CAL', enfatizou o verbo 'fazer'. Jô, com toda sua inteligência e cultura, não alcançou a tentativa de explicação do escritor. Tá certo que a frase trazia ambiguidade sonora. Mas Jô desandou a fazer piadinhas sobre o fato de Vitor ter trabalhado como fazedor de cal, sem deixar que o outro se explicasse.

Educadamente, Rodrigues, acho, não quis colocar o ícone do humor numa saia justa e acabou desistindo de explicar o que queria dizer com o 'fiz CAL'. Eu do meu lado, imaginei que poderia ser alguma escola, algum curso. Joguei no google para saber do que se tratava, e descobri a CASA DAS ARTES DE LARANJEIRAS (CAL), no Rio de Janeiro.

Acho que o escritor se referia a isso. Gosto do Jô, o admiro pela inteligência e humor. Mas ele viaja demais ao redor do próprio umbigo. Há nele lances incríveis de humildade intelectual, e surtos homéricos de vaidade e egolatria.

9 comentários:

sonia disse...

O Jô, assim como algumas celebridades, acham que o mundo gira ao redor deles. Não assisto mais ao programa do jô, pois cansei-me da mania que tem de querer ser a estrela única do imenso universo. Ficou com problema de ego inchado, assim como o finado Clodovil, o Datena e outros mais na TV. Cortei da minha lista. Não tenho mais "saúde". Concordo que é uma pessoa culta, mas isso não é suficiente para entrevistar pessoas. O neto do Nelson Rodrigues também pecou por não explicar o que era CAL, eu tb não sei. Mas perguntaria sem problemas. Já o Jô não admitiria ter que "se humilhar"...rsrs

Gilberto G. Pereira disse...

É verdade, Sonia. O escritor deveria ter explicado mesmo o que era CAL, independente de qualquer coisa, rs. Ainda vejo o Jô, sempre que posso, porque ele ainda me faz rir mais do que me enerva, rs. Um abraço!

Revistacidadesol disse...

É, o Jô tá velho, tá "suado". É muito comum atores irem lá e falarem que fizeram curso no Centro de Artes das Laranjeiras, leram Beckett, etc. Prefiro a paródia do Pânico: Jô Suado.

Abs!

Gilberto G. Pereira disse...

Heheh! O Pânico causa humor e o Jô, pânico. Abç,Lúcio!

Blogs WM disse...

Eu assisti essa entrevista. Te juro que o que entendi é que o rapaz tinha trabalhado com cal, mas a cal da construção civil! rsrsr Achei estranho, mas não questionei mais. Se o Jô tivesse deixado o rapaz explicar...

Abraços!

Dois Rios disse...

Gilberto,

A sua crônica é muito boa assim como todas as que, até então, tive acesso.

Você disse tudo. O menino até que tentou explicar, mas a vaidade do Jô não permitiu.

Um grande abraço,
Inês

Gilberto G. Pereira disse...

Não é incrível, Webston e Inês! Obrigado pela visita! Abraços!

Joana M.Eleutério disse...

GOSTEI:
"Gosto do Jô, o admiro pela inteligência e humor. Mas ele viaja demais ao redor do próprio umbigo."

Você já pensou quanto o JÔ, com todo o talento e tamanha inteligência, poderia brilhar muito mais e seria mais adequado (e educado) se ele aprendesse a ouvir seus entrevistados?

Mas seria um exercício de humildade e talvez ele não conseguisse realizá-lo. Uma pena.

Gilmayron Carvalho disse...

Pessoas como o Jô são como grandes Arranha-Céus nada pode ser maior do eles,isso retrata a falta de humildade.E falando em humildade,a verdadeira humilde não é aprender com quem sabe mais do que eu,mas poder aprender com pessoas simples que não possuem um diploma na parede.