A ilustração do artista visual goianiense Dalton Paula toma toda a capa, basta retirar a língua de papel |
Lima Barreto – triste visionário, de Lilia Moritz Schwarcz, é a nova biografia do escritor carioca. O livro traz uma perspectiva diferente da que havia na clássica biografia escrita por Francisco de Assis Barbosa, sucesso de crítica, publicada na década de 1950, mas que não contemplava toda a dimensão social de Lima Barreto, principalmente no tocante à questão racial. Esta é uma das abordagens mais significativas do livro de Lilia Schwarcz.
A
ilustração da capa é de autoria do artista visual Dalton Paula (leia mais aqui), que soube explorar bem os
aspectos da negritude do autor de Recordações
do escrivão Isaías Caminha. Lilia Schwarcz queria fugir do estereótipo
caricaturesco e do embranquecimento em que a imprensa da época jogava Lima
Barreto. A parceria dela com Dalton fez nascer um equilibrado senso estético,
afinando com a realidade do romancista carioca.
Lima
Barreto aparece tal como ele era, ou seja, negro, com um ar circunspecto, com
uma leve tristeza no olhar. Mas aquela pontinha de tristeza está ali justamente
pela abordagem estética, ampliando na imagem a metáfora que vem no título.
O
termo ‘triste’ do título traz uma ambiguidade muito apropriada para o contexto
social e subjetivo de Lima Barreto. Na introdução da biografia, Lilia Schwarcz
faz questão de explicar isso. Mesmo assim, há quem não queira alcançar o
significado impresso pela autora.
Segundo
Lilia Schwarcz, Lima Barreto é triste, tal como está no título, “não só porque
sua vida foi dura, ou porque criou personagens 'tristes'. É 'triste'
seguindo-se a expressão popular que incorporou a ambivalência. Triste é quem
não desiste, é teimoso, não se deixa vencer. O escritor é igualmente um
'visionário', como seu Policarpo, já que jamais desiste de planejar o futuro: o
seu, o do seu país e dos seus próximos.”
...
Nenhum comentário:
Postar um comentário