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Ricardo Piglia sofre de ELA, mesma doença de Stephen Hawking
Em
2013, Ricardo Piglia, escritor argentino de 74 anos muito lido no Brasil, foi
diagnosticado com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), doença terrível que vai
paralisando progressivamente os músculos sem afetar as faculdades mentais. Se
por um lado, permite que o escritor trabalhe com sua contínua paixão da vida
toda, a literatura, por outro, condena-o a se ver definhando na inexorável
aproximação do fim. É a mesma doença de Stephen Hawking.
Uma
reportagem publicada no site do jornal espanhol El País, na terça-feira (5 de janeiro), conta a história do périplo
da enfermidade de Piglia, de seu drama particular, que ao mesmo tempo diz
respeito a todos os seus fãs e leitores. Em depoimento ao jornal, a mulher do
escritor, Beba Eguía, diz que mesmo enfermo ele não para de trabalhar.
Piglia
conta com a ajuda de um pequeno exército de pessoas, sete no total, que vão à
sua casa, em Buenos Aires, para trabalhar com ele sobre uma série de relatos do
comissário Croce, personagem do romance Alvo
noturno.
Além
disso, há um enfermeiro e um cinesiólogo (profissional da cinesiologia, que,
segundo o site Saúde Pelo Toque,
trabalha a “harmonização de todo o corpo - físico, mental, espiritual - através
de um balanceamento muscular”) que se juntam aos outros, todos os dias. “'Às
vezes saio de meu quarto pela manhã e o enfermeiro já está ali sentado e não
sei quem mais. Passa gente o tempo todo. Esta é uma casa aberta, do tipo
comunidade', diz Beba, com um riso curto e seco.”
O
drama de Piglia começa aí, porque sua doença não responde ao tratamento
convencional. Segundo El País, em
setembro do ano passado, o escritor obteve o respaldo de seus médicos para
receber um remédio novo chamado GM604, fabricado pelo Genervon, laboratório
americano, que se mostrou muito efetivo no tratamento da ELA, mas o tratamento
custa os olhos da cara. Beba e Piglia, com a ajuda de amigos, diz o jornal
espanhol, vêm arcando com as despesas. A dívida, no entanto, já chega a US$ 95
mil.
Medicus,
a empresa do plano de saúde que Piglia paga há dez anos, não quer arcar com os
custos, e o escritor corre o risco de perder o tratamento. A família entrou na
justiça e foi à imprensa denunciar aquilo que pode ser visto como negligência. Conhecemos
bem isso por aqui.
O
tratamento com o novo remédio, segundo a mulher de Piglia, retarda o avanço da
doença. Com o medicamento, o trabalho incansável do autor continua. “O
resultado (desse medicamento) é assombroso. Ganhou peso, consegue sustentar o
dorso e se mover um pouco. (…) Para continuar assim, não podemos parar com o
tratamento, e por isso temos de obter as doses que faltam”, diz Beba.
O
lance é torcer para que dê tudo certo, e que Piglia siga sua jornada de
escritor, sem sofrimentos. Não só por ser “um dos autores de língua espanhola mais
prestigiados na atualidade”, segundo El País, mas porque a vida pede. Piglia
tem um livrinho de crítica literária intitulado Formas breves que me ensinou muito sobre como se lê o conto
moderno.
Seu
livro mais recente é a coletânea de memórias Los diarios de Emilio Renzi - años de formación, lançado em 2015.
Em português, o último a ser traduzido, em 2014, foi o romance O caminho de ida, lançado originalmente
em 2013. Leitor incansável, suas conferências sobre literatura são famosas, e
um livro marcante dessa temática é O
último leitor. Ainda entre seus romances, são destaques Respiração artificial, de 1980, e Dinheiro queimado, de 1987.
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