quarta-feira, 14 de julho de 2010

Um conto de duas cidades: os bastidores da Revolução Francesa



Está nas livrarias uma nova edição de Um conto de duas cidades (Estação Liberdade, 2010, 478 páginas, tradução de Débora Landsberg), do inglês Charles Dickens. Não é o melhor livro do autor de David Copperfield, mas é uma delícia de romance histórico. Para quem tem fôlego e tempo de mergulhar numa trama cheia de nuanças, Um conto é a dica.

O livro retrata os bastidores do conflito sócio-político que culminou na Revolução Francesa, e as duas cidades são Paris e Londres. O médico inglês Alexandre Manette, acusado de traição, passa décadas a fio como prisioneiro na famosa Bastilha. Às vésperas do estouro da Revolução, quando o prédio é tomado pela massa em fúria, é que conseguem resgatá-lo, mas aí a trama já está do meio para o fim.

Armado para amarrar todos os fios de acontecimento, Um conto segue a linha de romance policial, que estava em seu início como gênero, na época de Dickens (originalmente, o livro foi lançado em 1859), mas consegue narrar magnificamente, no meio da trama, casos de amor, violência, conspiração, drama social, crime financeiro, traição política e uma saraivada de ecos históricos e de vozes colhidas nas ruas das duas cidades.

É baseado em História da Revolução Francesa, de 1837, de Thomas Carlyle, mas com a nova roupagem de ficção. A maior ambição deste romance talvez seja a tentativa de fazer da massa, tanto em Londres quanto em Paris, um personagem per si. Destaque para a rua Fleet, onde também é ambientada a sangrenta história do barbeiro Sweeney Todd, o thriller musical norte-americano de 1979 composto por Stephen Sondheim e Hugh Wheeler, que virou filme dirigido por Tim Burton, com Johnny Depp no papel principal, em 2007.


Trecho

Aquele foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos, foi a idade da razão, a idade da insensatez, a época da crença, a época da incredulidade, a estação da luz, a estação das Trevas, a primavera da esperança, o inverno do desespero, tínhamos tudo diante de nós, não tínhamos nada diante de nós, todos iríamos direto ao Paraíso, todos iríamos direto no sentido oposto – em suma, a época era tão parecida com o presente que algumas das autoridades mais ruidosas insistiram que ela fosse recebida, para o bem e para o mal, apenas no grau superlativo da comparação.


Serviço

Título: Um conto de duas cidades
Autor: Charles Dickens
Editora: Estação Liberdade, 2010, 478 páginas
Gênero: Romance
Preço: R$ 62,00

2 comentários:

Unknown disse...

Oi ,Giba!(há quanto tempo!)>Como vai,meu caro?
Esse é um dos meus livros favoritos de Dickens.O início é perfeito.
Grande abraço!

Gilberto G. Pereira disse...

Caro James, como vai! Quanto tempo mesmo, né, rapaz. Pois é, é um grande romance histórico. A habilidade de Dickens para criar tramas é incrível.
Abraço!