Foto: Angela Radulescu
Toni Morrison (1931): “os seres humanos inventam categorias de desumanização do outro apenas para justificar a exploração econômica e garantir o próprio senso de pertencimento” |
Toni Morrison (pseudônimo de Chloe Anthony Wofford) está entre os maiores autores americanos de todos os tempos. Ela nasceu em 1931, em Lorain, uma cidadezinha de 70 mil habitantes de Ohio, no Norte do país. Aluna brilhante, formou-se com louvor na Universidade Howard, em Washington, deu aula na Yale University e é professora emérita da Universidade de Princeton.
Sua literatura tem o alcance dos mestres da linguagem, marcando a experiência sensível do povo negro nos EUA, tanto quem viveu as agruras do regime escravagista, quanto os negros livres tentando se adaptar ao mundo violento e racista dos brancos pós-escravidão.
Entre seus 11 romances estão Compaixão, Amor, Voltar para casa e Jazz. Em 1977, venceu o prêmio britânico National Book Critics Circle, com A canção de Solomon. Em 1988, ganhou o Pulitzer, com Amada, romance que virou filme Oprah Winfrey e Danny Glover, em 1998.
Além disso, foi laureada com o Nobel de Literatura, em 1993, por ter romances “marcados por uma força visionária e significado poético, que são vida a um aspecto essencial da realidade americana.”
Toni está entre os dez ganhadores do Nobel de Literatura mais populares da história do prêmio, junto com nomes como Rabindranath Tagore, que figura em primeiro lugar, Pablo Neruda, Gabriel Garcia Márquez, William Faulkner e Bob Dylan. E figura como o único escritor negro americano, na terra de Ralph Ellison, Alice Walker e Angela Mayou, a vencer o Nobel.
Nós
Em seu discurso de aceitação do prêmio em Estocolmo, ela falou sobre a língua e a capacidade humana de se expressar. A literatura tem o valor de elevar essa expressão, mas todos os falantes de uma língua devem cuidar de sua efetividade, de sua capacidade de interferência na vida de uns sobre os outros, diz ela.
A língua é um pássaro na mão de alguém, diz Toni. Vai depender de todo mundo se o pássaro está morto ou vivo, se voa e alcança novos rumos ou se permanece imóvel, infértil e inerte.
“Quando uma língua morre, por falta de cuidados, de uso, por indiferença e ausência de estima, ou é morta por algum decreto, não só o escritor, mas usuários e manipuladores dessa língua são responsáveis por sua extinção”, afirma a autora.
Não deixa de ser uma bela metáfora sobre o fato de leitores e escritores estarem no mesmo barco semântico. Além de ficção, ela também já publicou livros de ensaio e de teatro.
Sua publicação mais recente é a coletânea de ensaios The origin of others (“A origem dos outros”, em tradução livre), de 2017, reunião de suas seis conferências realizadas em Harvard, no prestigiado ciclo de leituras Charles Eliot Norton, durante o ano letivo de 2016. (GGP)
(Gilberto G. Pereira. Publicado originalmente em 10 de junho de 2018, no Jornal Opção, de Goiânia)
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