Marlon Brando em detalhe de uma cena clássica do filme de Francis Ford Coppola, O poderoso chefão: aula magna de cinema
Parafraseando
Italo Calvino em Por que ler os
clássicos, um clássico é uma obra que tem sempre algo novo a nos dizer, não
importa o tempo que passe, nem quantas vezes lemos, ouvimos ou vemos. Não foi
pensando neste princípio que Fernando Meirelles tirou da cartola suas
recomendações de clássicos do cinema, mas é uma lista caprichada feita por ele para
a iTunes Store.
Eu
ia dizer que essa lista deixava claro a formação pregressa de Meirelles, ou
seja, americana. Pois não há um Fellini, um Bergman, um Truffaut, um Kurozawa,
um Scola, um Buñuel (O discreto charme
da burguesia, por exemplo, nos diz muita coisa até hoje sobre comportamento). Depois me lembrei que se
trata de um serviço ligado a uma parceria (da O2 Play, distribuidora da O2
Filmes, com a própria iTunes Store), e que portanto, seu gosto, sua memória,
sua curadoria está condicionada a um trabalho específico.
Mas
não se trata de uma lista ruim, pelo contrário, é boa por demais. Em algumas
dicas, ele é lacônico, como sobre Cidadão
Kane: “Todo mundo tem de assistir a esse filme ao menos uma vez na vida. E
ponto.” Em outras, explanou mais.
The warriors - os selvagens da noite (1979), de Walter Hill (EUA)
Embora
ninguém o classificaria como clássico, entra em sua lista por considerá-lo um
marco em sua vida de cinéfilo. Meirelles lembra que este filme o influenciou na
decisão de fazer Cidade de Deus,
que, aliás, já é um clássico do cinema brasileiro.
Banzé no Oeste (1974), de Mel Brooks (EUA),
Outra
negação do clássico conceito de clássico é a inclusão deste filme. O cineasta
brasileiro diz que não o reviu até hoje, “para evitar me decepcionar”, porque
na sua cabeça é o filme mais engraçado que já viu.
Uma rua chamada pecado (1951), de Elia Kazan (Turco naturalizado
americano)
“Foi
aqui que Marlon Brando virou Marlon Brando. Nesta adaptação do clássico de Tennessee
Williams, a tensão sexual pode ser cortada com uma faca – de tão densa.”
Amor, sublime amor (West
Side Story, de 1961), de Jerome Robbins e Robert Wise (EUA)
“Se
você não gosta de musicais, como eu, vai rever seus conceitos depois de assistir
a esta adaptação de Romeu e Julieta em Nova York.”
Lawrence da Arábia (1963), de David Lean (UK)
“Tem
fotografia impressionante e um número de figurantes e produção que não se
repete mais (já que hoje em dia tudo é eletrônico)”
Barry Lyndon (1975), de Stanley Kubrick (EUA),
“Kubrick
sempre vale a pena.”
Help! The Beatles (1965), de Richard Lester (EUA/UK)
“Este
filme envelheceu mal, é ingênuo, quase infantil. Mas são os Beatles! Quem não
viu tem de ver.”
O poderoso chefão, a trilogia (1972, 1974 e 1990), de Francis Ford Coppola
(EUA)
“Falar
destes filmes é chover no molhado.”
Cidadão Kane (1941), de Orson Welles (EUA)
“Todo
mundo tem de assistir a esse filme ao menos uma vez na vida. E ponto.”
Sem destino (Easy Rider, de 1969), de Dennis Hopper
(EUA)
“Para
entender a geração que mudou o mundo, quando ainda havia um mundo a ser
descoberto. Hoje está tudo na internet.”
OBS: Quem
tem Apple e quer verificar de perto as dicas de Meirelles, acesse o link:
itunes.com/fmeirelles
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