Foto:
Daniel Garcia/AFP/2013
Marta Rodrigues fotografada em mostra sobre os cem anos do nascimento de Vinicius no RJ |
La
luz
se
transformó en tormenta
y
la pasión encerrada
encarcelada
y
sedienta
camina
por los bordes
-
tienes -
de
mi cuerpo.
Quiero
hundirme
en tu mar
y
sus instantes
quiero
tu rayo en mi noche
tu
lluvia y el cansancio
quiero
la muerte
y
el silencio
quiero
la vida y la locura.
Quiero
el cielo y el infierno.
y
tu ternura.
O
poeminha acima, Quiero, não seria nada demais se não fosse feito por uma das
mulheres de Vinicius de Moraes, Marta Rodrigues Santamaria (foto), que o roubou
de Gesse Gessy, em 1975. Marta, argentina, escrevia poesia, e nos vem com esse,
falando de instantes e mar. Quem mandou o poeta falar tanto de infinito,
instante, eterno, mar? Quem mandou? Mas ela fecha o poema muito bem. Não é de
todo ruim.
A
gente que não sabe inventar é tão exigente com a invenção alheia, não é mesmo?
Ok, é razoável. Ok, cintila imagens em torno do bardo carioca. Ok, ela é no
mínimo uma ótima leitora da poesia de Vinicius, e não a copia aqui, faz uma
leitura amorosa. Uma leitura atenta, e demonstra isso ao rimar corpo com morte.
Ok,
há lá em cima céu e inferno, e cá em baixo luz e tormenta. E rima loucura com
ternura. Uma rima pobre, mas, ok, traduz a inquietude do amor, a sofreguidão do
desejo. Que amor é esse, meu Deus! O amor é mesmo como um rio, “noturno,
interminável e tardio.” Vinicius for ever.
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