terça-feira, 7 de abril de 2015

Quiero, de Marta Rodrigues Santamaria


                            Foto: Daniel Garcia/AFP/2013

Marta Rodrigues fotografada em mostra sobre
os cem anos do nascimento de Vinicius no RJ


La luz
se transformó en tormenta
y la pasión encerrada
encarcelada
y sedienta
camina por los bordes
- tienes -
de mi cuerpo.

Quiero
hundirme en tu mar
y sus instantes
quiero tu rayo en mi noche
tu lluvia y el cansancio
quiero la muerte
y el silencio
quiero la vida y la locura.

Quiero el cielo y el infierno.
y tu ternura.


O poeminha acima, Quiero, não seria nada demais se não fosse feito por uma das mulheres de Vinicius de Moraes, Marta Rodrigues Santamaria (foto), que o roubou de Gesse Gessy, em 1975. Marta, argentina, escrevia poesia, e nos vem com esse, falando de instantes e mar. Quem mandou o poeta falar tanto de infinito, instante, eterno, mar? Quem mandou? Mas ela fecha o poema muito bem. Não é de todo ruim.

A gente que não sabe inventar é tão exigente com a invenção alheia, não é mesmo? Ok, é razoável. Ok, cintila imagens em torno do bardo carioca. Ok, ela é no mínimo uma ótima leitora da poesia de Vinicius, e não a copia aqui, faz uma leitura amorosa. Uma leitura atenta, e demonstra isso ao rimar corpo com morte.

Ok, há lá em cima céu e inferno, e cá em baixo luz e tormenta. E rima loucura com ternura. Uma rima pobre, mas, ok, traduz a inquietude do amor, a sofreguidão do desejo. Que amor é esse, meu Deus! O amor é mesmo como um rio, “noturno, interminável e tardio.” Vinicius for ever.

...

Nenhum comentário: