quarta-feira, 5 de agosto de 2009

ESCRITOR TAMBÉM É FILHO DE DEUS

João Wainer/Folha Imagem/Divulgação
Os vencedores da noite: Martins (à esq.) e Brito

O Prêmio São Paulo de Literatura divulgou os vencedores da edição 2009, no dia 3 de agosto, no Museu da Língua Portuguesa, na capital paulista. Na categoria estreante, o jovem escritor gaúcho Altair Martins levou para casa R$ 200 mil, com A parede no escuro. Na categoria veterano, quem saiu vencedor foi o cearense Ronaldo Correia de Brito, com Galileia, também embolsando R$ 200 mil.

O jornal Folha de S. Paulo trouxe uma matéria na edição desta quarta-feira (05/08) falando sobre a repercusão do prêmio e a importância de premiações desse nível, com um valor tão alto, embora não seja o mais elevado. O jornal queria saber se isso teria algum efeito na 'promoção da leitura' ou na formação dos escritores.

Segundo o crítico literário e professor da Unicamp, Alcir Pécora, respondendo a pergunta da reportagem, não é assim que funciona. "'Como descoberta de novos escritores, raramente dá certo; como propaganda e celebrização da personalidade, funciona. Chama atenção, produz matérias, mas não se traduz em fomento. Alimenta a produção mediana e não produz um salto para a grande literatura'", diz.

O que faltou à reportagem, foi perguntar, ou colocar no texto, que tipo de iniciativa produz um salto para a grande leitura. Em todo caso, o prêmio e seu valor distribuído são válidos, ainda que seja verba pública.

A literatura sempre foi a menos prestigiada das artes quando se trata de investimento e de ganhos dignos com os quais o autor se mantenha. Mas é a primeira a fomentar mentes criativas. Vá alguém querer conquistar um público heterogênio e criar sem ler, sem ter uma formação de leitura. Pergunte, numa seção espírita, a Da Vinci, a Picasso, a Stanley Kubrick, Wagner, se não liam.

O escritor também é filho de Deus, embora, de outro lado, também seja o primogênito do diabo. Afinal, "o diabo é quem sabe tudo."

2 comentários:

Whisner Fraga disse...

Gilberto, creio que um prêmio com este valor ajuda sim na divulgação da literatura - basta ver como as vendas do livro "O filho eterno" cresceram após o resultado do ano passado. Além disso, é bom para o escritor, pois dá início a um processo de profissionalização da escrita em nosso país. Se de um lado a crítica literária em jornais acabou, é preciso abrir novos caminhos de divulgação, trabalho que andam fazendo os prêmios literários e as feiras espalhadas pelo país o ano inteiro. Abs e parabéns mais uma vez pelo blog.

Gilberto G. Pereira disse...

Obrigado, Whisner, pelo comentário. Concordo com você. A literatura está se oxigenando por outros parâmetros, por outras mídia. Ainda bem, né.
Grande abraço!