Orlando Morais é bem conhecido como o marido da atriz Glória Pires. Mas certamente é muito mais que isso. Ele é um dos melhores compositores da Música Popular Brasileira, tendo sido chamado de gênio por Caetano Veloso, que depois desdisse, mas já estava dito e observado. Entre as várias canções de sua autoria há uma cuja letra é obra-prima da poesia musicada, gravada em Abismo Zen, depois regravada num outro CD, Agora, em dueto com a especial Maria Bethânea. Senão vejamos e ouçamos:
2 comentários:
Giba, são tantas emoções!... Tenho tanto a dizer e tão parco tempo. Agruras da quadrupla jornada...Enfim, sobre a canção, Orlando Moraes mescla com muita intensidade o etéreo dos sentimentos com o material consumível e consumado,objeto da paixão, que é o ser amado e tudo que se relaciona carnalmente com ele. Pois bem, Solidão e solidez usados no 2º verso ilustram essa dualidade e que o sentimento se solidifica, incorpora-se em gestos e atitudes, deixando a esfera subjetiva de eu-poético e consumando-se em seu desejo palpável (e apalpável!). Também há a intervenção líquida: várias "águas" que nos levam por diferentes sensações; entre elas, a lembrança dos termos paixão torrencial, imprevisível e incontrolável como qualquer água geniosa e generosa, enfurecida pelo amor ou abrandada pelo desprezo. Lembrou-me de uns versos (de quem, não me lembro) que dizem: inevitável como o amanhecer...è possível evitar as paixões? è possível conter a força das águas interiores latentes em explodir em líquidos corpóreos cheios de feromônios e sensações? É possível também controlar ou, ao menos, driblar aquele mesquinho e irresistível sentimento chamado ciúme? A montanha enciuma-se da chuva com o vento; leio isto como sres de diferentes naturezas em um conflito essencial - a montanha sólida e imóvel, representa segurança, embora sinta-se insegura perante os dois seres flutuantes e - chuva e vento, de "gênios" naturalmente volúveis...e, pode-se controlar os ventos e as chuvas?...Chego a concluir que a natureza humana, pelo menos a minha, é vento e chuva. Flávia.
Obrigado, Flávia, por enriquecer este humilde blog! Um beijão!
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