segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O Alzheimer de Skidmore

Lucas Ferraz/Folhapress


Thomas Skidmore (foto) está com 80 anos de idade, sofre do mal de Alzheimer em estágio inicial e de síndrome do pânico. Está num asilo numa cidadezinha de 20 mil habitantes, no interior dos Estados Unidos, sendo cuidado por enfermeiras. A família e alguns amigos vão visitá-lo lá, no lugar que ele mesmo escolheu para passar os últimos anos de sua vida.

Em entrevista a Lucas Ferraz, na Folha de S. Paulo de hoje, Skidmore diz que exercita a memória – que vai se apagando aos poucos – se lembrando do Brasil. Também disse ao jornalista que ficou sabendo do golpe militar de 1964 um dia antes, em 31 de março, com o então embaixador americano Lincoln Gordon, coisa que ele não havia contado em seus livros, nem em seus diários.

Fico triste e comovido ao saber do estado de saúde de um historiador que me ensinou a história do Brasil do século XX. Tenho os livros de Skidmore, leio-os com frequência, e o respeito pelo zelo com que tratou do assunto, a paixão e o vigor de pesquisa.

"Tudo o que escrevi não era uma explicação ou interpretação minha, de gringo, mas de meus amigos brasileiros. Meu conhecimento do país vem todo deles. Não é à toa que a amizade é uma das mais fortes características do Brasil", disse o autor ao repórter, referindo-se a amigos como “o cientista político Hélio Jaguaribe, o jornalista Francisco de Assis Barbosa (1914-91), o advogado e político San Tiago Dantas (1911-64), além do editor Fernando Gasparian (1930-06), do historiador Caio Prado Júnior (1907-90) e do ex-deputado e jornalista Márcio Moreira Alves (1936-09).”

Por outro lado, sei que Skidmore viveu sua vida plenamente e agora se prepara para finalizar seu destino humano. Hoje em dia há muitos livros importantes que tratam da história do Brasil no século XX, mas ainda assim Brasil: de Getúlio a Castelo, Brasil: de Castelo a Tancredo e Preto no Branco - raça e nacionalidade são valiosos pra mim.

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