terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Poesia e verdade

Se os filósofos cavucam amorosamente o chão da existência para descobrir verdades, questioná-las, demovê-las, e os poetas estão ao seu lado como guardiões da linguagem, segundo Heidegger, é possível dizer, por uma certa linha de raciocínio, que no resultado final da poesia, sua leitura também nos mostra verdades, além da finalidade estética.

Se na filosofia, a verdade é dada ou provocada por meio de um amor crítico, na poesia, essa verdade vem por meio de uma beleza crítica, em crise. É a estética sendo cavucada também, cujo resultado não é apenas o belo. A beleza tem várias categorias (na poesia, e nas artes de modo geral, também é bonito ser feio, veja o Corcunda de Notredame), como o sublime, o grotesco, o trágico, o cômico e o horror, meu Deus, o horror.


A poesia também nos dá a oportunidade de ver o horror, olhar pra ele, cavucá-lo, como nas ocasiões de guerra (pode ser a guerra dentro da gente, a la Leminski, pode ser a guerra em família, e os horrores que certos pais e mães fazem com seus filhos, pode ser o horror que certos filhos fazem com seus pais, o horror da exploração, o horror), como pode uma vida resistir? O horror faz parte da poesia porque faz parte da vida, e quando a guerra acaba, a vida persiste. E a poesia também.

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