quarta-feira, 20 de maio de 2009

CATHERINE MILLET: a amante da suruba sem preconceito

Catherine: respeitada no meio das artes, escreveu um blockbuster erótico

A maioria dos frequentadores da FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty, de 1 a 5 de julho), entre Marias Rodapés (termo cunhado por Marcelo Mirisola), leitores assíduos e admiradores de celebridades das letras, vai para ver todo mundo. Mas há os que vão para ver um ou dois escritores de sua predileção.

Neste sentido, uns vão por causa de Gay Talese, jornalista e escritor, ex-diretor de redação do New York Times, autor de O reino e o poder e Vida de escritor, que será lançado na Feira, digo, Festa, outros querem assistir a António Lobo Antunes, excelente escritor português.

Outros mais querem ir à FLIP para ver e ouvir Catherine Millet, crítica de arte e diretora de redação da revista Art Press, autora de inúmeros livros sobre arte, mas foi A vida sexual de Catherine M. (ela mesma) que mais fez sucesso. Trata-se de uma mulher da classe média alta parisiense, intelectual respeitada, que teve a coragem de publicar um livro expondo toda sua intimidade de ninfomaníaca.

Nas primeiras páginas de A vida sexual de Catherine M., ela já diz: “Deixei de ser virgem aos 18 anos – que não é especialmente cedo –, mas participei de uma suruba pela primeira vez nas semanas que se seguiram a minha defloração.”

E a partir daí, ninguém segura a mulher. O livro é tão chocante, tão sincero e aberto que me espanto só em relembrar certas cenas. Ela mesma diz que foi “amante da suruba sem preconceito”, e relata cabeludas histórias.

Numa delas, descreve, sempre explicitamente, uma orgia em que ficava de quatro, sendo penetrada, ao mesmo tempo que fazia sexo oral, enquanto duas filas intermináveis de homens iam se desenrolando à sua frente – em que ela só via o balançar de inúmeros testículos – e atrás.

Mas, se engana quem imaginar que Catherine era vulgar na narrativa. Ela tem estilo. Acho que sua maior fonte de inspiração para escrever essas crônicas sexuais foi Georges Bataille.

Não foi a primeira a escrever sobre sua intimidade sexual, é verdade. Antes dela, por exemplo, houve Françoise Sagan, que publicou Bom dia, tristeza. Mas era diferente, não chegava a esse nível de explicitação. Depois dela, vieram as ninfetas Lolita Pille, com Hell - Paris 75016, e Melissa Panarello, com 100 escovadas antes de ir para a cama. Mas nenhuma chega aos pés de Catherine.

Em seus relatos, Catherine demonstra ter ao menos tentado explorar os limites dos atos sexuais, em número de parceiros e em situações. A abordagem mais leve da narrativa é “suruba”. Mas há qualidade em seu texto, que nunca explora questões subjetivas, nem faz sondagem psicológica do sexo. É sempre direta, objetiva.

Nos espaços em que demonstra sua capacidade literária, ela descreve cenas como esta: “Havia verões particularmente agitados, marcados pela circulação incessante de parceiros sexuais, esporadicamente reunidos em pequenas surubas à luz do sol, atrás de um pequeno muro de um jardim acima do mar, ou à noite em idas e vindas entre os numerosos quartos de uma grande casa de veraneio.” É lírico, meio bucólico até.

Catherine era casada na época e continuou casada depois, com o mesmo homem. Recentemente ela publicou outro livro, Jour de souffran, mais subjetivo, descrevendo seu estado d’alma em função das conseqüências de ter um casamento aberto, exposto às intempéries do ciúme.

5 comentários:

Leila Silva disse...

Eu li partes do livro de Catherine M.,mas já deu pra perceber que é muito, muito mais explícito que o de Sagan.
Então ela vai estar em Paraty?
abraço
Leila

Leila Silva disse...

Eu tinha deixado um comentário aqui e ele não apareceu...
xovê se esse vai

Gilberto G. Pereira disse...

Oi, Leila! Me desculpe. Eu fiquei uns dias sem acesar meu blog porque viajei, na verdade, mudei. É. Mudei de cidade. Voltei para Goiás, estou em Goiânis, mas talvez eu fixe resdiência em Anápolis.
Obrigado pelo comentário! Catharine estará na Flip e eu adoraria saber sobre o que ela vai falar.
Um abraço!

Leila Silva disse...

Na verdade depois eu percebi que tinha que ser autorizado...eu sou meio 'avoada' e pensei que talvez tivesse esquecido de dar enter, de colocar minha senha.
Desejo uma boa 'readaptação', nem sempre é fácil voltar, disso eu sei. Conheci muita gente de Goiânia quando morei nos Estados Unidos, muito bacanas, tenho ainda bons amigos aí da cidade.
Abraço

Gilberto G. Pereira disse...

Obrigado, Leila!
Grande abraço!