quinta-feira, 4 de junho de 2020

Georges Bataille sobre museu

                                                                                                                                                          Foto: Gilberto G. Pereira
Três músicos, óleo sobre tela, de Pablo Picasso, (1921): acervo da Fundação Mrs. Simon Guggenheim, em exposição no Museu de Arte Moderna, NY, em 2016.

De acordo com a Grande Enciclopédia, o primeiro museu no sentido moderno da palavra (significando o primeiro acervo público) foi fundado na França pela Convenção de 27 de Julho de 1793. A origem do museu moderno está, portanto, ligada à invenção da guilhotina.

O museu é como os pulmões de uma grande cidade. Todo domingo, o público mergulha como sangue dentro do museu e emerge purificado e fresco. As pinturas não são outra coisa senão superfícies mortas. 

É dentro do público que o jogo de fluxo de luzes e radiação, tecnicamente narrado pelos críticos autorizados, é produzido. É interessante observar o fluxo de visitantes, visivelmente guiado pelo desejo, se assemelhar às visões celestiais que arrebatam aos olhos.

O museu é o espelho colossal no qual o homem, finalmente se contemplando de todos os lados e se encontrando literalmente num objeto maravilhoso, abandona a si mesmo ao êxtase expresso na imprensa literária.

Georges Bataille, “Museum,” Outubro, no. 36 (1986), p. 25; tradução para o inglês de Annette Michelson; publicado primeiramente no Documents 2, no. 5 (1930), p. 300. (Tradução para o português: GGP). 

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2 comentários:

  1. Oi, Lúcio, como vai! Muito tempo que não nos falamos, né, rapaz. Espero que você esteja bem. Pois é. Eis aí um belo texto do Bataille. Abraço!

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