"Ó cidade tão lírica e tão fria!
Mercenária, que importa? – basta! importa
Que à noite, quando te repousas morta
Lenta e cruel te envolve uma agonia
Não te amo à luz plácida do dia
Amo-te quando a neblina te transporta
Nesse momento, amante, abres-me a porta
E eu te possuo nua e fugidia
Sinto como a tua íris fosforeja
Entre um poema, um riso e uma cerveja...
E que mal há se o lar onde se espera
Traz saudade de alguma Baviera
Se a poesia é tua, e em cada mesa
Há um pecador morrendo de beleza?"
Encontrei esse soneto em Poemas Esparsos, de Vinicius de Moraes, livro organizado pelo poeta carioca Eucanaã Ferraz, com as poesias avulsas e esquecidas do autor de Operário em construção.
Veja o efêmero belamente construído entre as rimas ‘fosforeja’, ‘cerveja’, ‘mesa’ e ‘beleza’. Destas quatro palavras, a menos vulnerável é mesa, e é ela que sustenta a leveza do álcool, a liquidez da vida, do álcool, que deixa tudo belo, até mesmo a cidade de São Paulo.
Não que ela seja sempre feia. É justamente nesse fosforejar que aparece sua beleza. Piscar o olho em São Paulo é dizer adeus ao quadro que se tinha logo antes. Se o Rio de Janeiro para Vinicius é luz do sol, Sampa é vista com o olhar noturno e boêmio do poeta.
Mercenária, que importa? – basta! importa
Que à noite, quando te repousas morta
Lenta e cruel te envolve uma agonia
Não te amo à luz plácida do dia
Amo-te quando a neblina te transporta
Nesse momento, amante, abres-me a porta
E eu te possuo nua e fugidia
Sinto como a tua íris fosforeja
Entre um poema, um riso e uma cerveja...
E que mal há se o lar onde se espera
Traz saudade de alguma Baviera
Se a poesia é tua, e em cada mesa
Há um pecador morrendo de beleza?"
Encontrei esse soneto em Poemas Esparsos, de Vinicius de Moraes, livro organizado pelo poeta carioca Eucanaã Ferraz, com as poesias avulsas e esquecidas do autor de Operário em construção.
Veja o efêmero belamente construído entre as rimas ‘fosforeja’, ‘cerveja’, ‘mesa’ e ‘beleza’. Destas quatro palavras, a menos vulnerável é mesa, e é ela que sustenta a leveza do álcool, a liquidez da vida, do álcool, que deixa tudo belo, até mesmo a cidade de São Paulo.
Não que ela seja sempre feia. É justamente nesse fosforejar que aparece sua beleza. Piscar o olho em São Paulo é dizer adeus ao quadro que se tinha logo antes. Se o Rio de Janeiro para Vinicius é luz do sol, Sampa é vista com o olhar noturno e boêmio do poeta.
Muito lindo,Giba,também não conhecia.Espero que você esteja se readaptando bem aí.Aqui,(90 km de Bh),geada leve hoje cedinho,coisa que não se via há anos.tirei umas fotos(rs).
ResponderExcluirA propósito,você tem twitter?
Grande abraço,meu caro.
Desculpe mas acho que eu fiz alguma bagunça ali no SEGUIR o seu blog...acho que me inscrevi duas vezes e não estou conseguindo resolver o problema. Sorry!
ResponderExcluirObrigado, James! Aos poucos a gente se ajeita, né (rs). Enquanto você se delicia com o frio aí na sua cidade, estou me deliciando com o clima de meia estação de Goiânia (rs). Eu tenho twitter mas não atualizo. Ainda não criei ânimo de escrever periodicamente num meio tão fugaz. É muito relâmpago para minha tempestade (rs).
ResponderExcluirGrande abraço!
Não tem problema. É bom que você acessa meu blog duas vezes (rs).
ResponderExcluirUm abraço!
e tu? como vai?
ResponderExcluirVou bem.
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